Que a grande imprensa tenta arranjar uma “3ª Via” desde sempre, não é novidade alguma.
Que, por enquanto, sobrou Simone Tebet no cemitério de candidaturas que esta invenção devorou, também não.
Mas o Estadão hoje abre uma foto – quase um retrato – gigantesca da senadora, no dia em que a notícia é o ex-governador de seu estado rezando a missa de corpo presente de sua própria candidatura é uma perda completa do decoro em promover a – também por enquanto – sua candidata.
Não importa que o jornal não o diga, a imagem vale as tais mil palavras: é a desesperada insistência em empurrar uma fantasia sobre seus (e)leitores.
Deveria ler o que escreve sua veterana colunista, Eliane Cantanhêde, que em matéria de tucanos e caciques emedebistas sabe de tudo e de mais um pouco:
Depois de explodir Doria, o grupo tucano que mandou as prévias às favas parte para dinamitar Simone Tebet, do MDB, alegando que ao PSDB não interessa apoiar o nome do MDB, a prioridade é ter um candidato próprio. O gaúcho Eduardo Leite vai se prestar a esse papel?
O MDB também prepara o bote contra Simone, que não tem mais serventia. Sem Doria, o partido não precisa mais dela, que foi lançada para ser traída, depois de segurar ao mesmo tempo um nome único da terceira via e a debandada prematura para as duas candidaturas principais. Agora, o partido está livre para apoiar Lula no Nordeste e Bolsonaro no Sul e no Centro-Oeste. E acabou-se a terceira via.
Simone Tebet sobreviverá enquanto se precisar de uma fachada e logo fachadas serão desnecessárias, porque a realidade – ou Lula ou Bolsonaro – vai se impor inapelavelmente.
Bolsonaro corrompeu, com o marketing do ódio, todos os partidos de direita e centro-direita e o dilema está claro: ou se entregam todos (e a maioria já se entregou) ou forma com a oposição, apostando que a derrota do atual presidente reabra o espaço para que eles possam voltar a existir.