Trump banido do Twitter é só o ‘putsch da cervejaria’

O ataque dos zumbis trumpistas ao Congresso dos EUA, era, é claro, uma caricatura de golpe de Estado, inédita naquele país mas, não fossem as mortes, um episódio que cairia na categoria dos atos risíveis, os que de tão toscos e mal-ajambrados pertencem ao capítulo das obras de lunáticos, que aliás não faltavam com seus chifres de búfalo e bandeiras confederadas.

Mas o ‘putsch da cervejaria”, delírio golpista chefiado por Adolf Hitler em novembro de 1923, não era uma piada, mas o início de uma tragédia que só teria seu desfecho 22 anos depois.

Há muita gente comemorando o banimento de Donald Trump do Twitter, eu não.

Não posso comemorar o que o torna vítima e mártir diante da enorme massa de seguidores que tem.

Melhor, muito melhor que deixe a Casa Branca como o que é, algo que sempre adorou falar aos outros quando se tratava de auto-elogiar suas vitórias políticas e sua riqueza: um loser, um perdedor.

Os neonazistas não serão detidos com isso, como o embrião do nazismo não foi banido sequer com a prisão de Hitler, depois do putsch, em Landsberg.

Ao contrário, de lá escreveu-se o Mein Kampf, que virou o grande guia ideológico e de ação para os nazistas.

Trump teve 75 milhões de votos. Se metade, ou pouco menos, dá apoio às sua tentativa de subversão das eleições, isso corrói as bases do Partido Republicano que foi o degrau do qual se utilizou para sua escalada ao poder e sem este apoio ele minguará na política real.

Donald Trump não deve ser vítima, se foi e é o algoz da civilidade.

Não é o Twitter o que se lhe tem de tirar, é a estrutura política do Partido Republicano, que são os seus dentes, enquanto as redes sociais são apenas o seu rosnado.

Trump e seus clones, como o temos por aqui não têm de ser excluídos das redes sociais, têm de ser, como foi o já quase ex-presidente, excluídos da política.

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