“Um pouquinho de terrorismo”, Bolsonaro?

A Polícia Federal concluiu, em inquérito, que um certo Douglas Bozza, que admitiu ter enviado e-mails para os diretores da Anvisa dizendo que “que mataria quem ‘atentasse contra a vida’ do filho dele – se liberasse a vacinação contra a Covid para o público infantil, não deveria ser indiciado por estar cometendo um “crime de menor potencial ofensivo”.

Mesmo que possa ser estranho não punir quem ameaça de morte, vá lá, se fosse o caso de um ignorante e desequilibrado que não foi além da bravata cibernética.

Acontece que atos como o de Bozza estão sendo estimulado por quem acha que os servidores públicos, no exercício das suas funções na Agência de Vigilância Sanitária, devem ser expostos para excitar os mesmo atos dos ignorantes e desequilibrados que veneram o “Mito” charlatão.

E o resultado está aí, nas 150 mensagens ameaçadoras que foram recebidas por técnicos e diretores da Anvisa, desde que Jair Bolsonaro disse, em sua live, que iria exigir a divulgação de seus nomes.

Aviso típico de milicianos, que querem saber quem desafia a sua transtornada “lei”.

Não importa que a doença esteja voltando a apresentar níveis assustadores em várias partes do mundo, inclusive os EUA, onde hoje se registraram apavorantes 1.811 mortes, que levaram o presidente Joe Biden a lançar um novo plano de emergência nacional.

Bozo fez o que Bozza pretendia, em sua própria confissão: que desejava “fazer um pouco de terrorismo” sobre os técnicos e dirigentes que deveriam cumprir sua missão de avaliar os testes e relatórios apresentados sobre a segurança e eficácia da vacina em crianças.

Que só estariam cometendo crime se recusassem as evidências de que elas, como dezenas de outras vacinas que foram desenvolvidas para preservar sua saúde e as proibissem.

Bolsonaro conseguiu o que queria: fez terrorismo com milhões de pais e mães, que porventura tenham se assustado com os “perigos” imaginários que o prescritor de cloroquina fazia com os adultos.

Fez e continua fazendo, sob o beneplácito de um Conselho Federal de Medicina que lhe é cúmplice e continua a recusar todas as evidências científicas, a testemunhar que a conivência à estupidez é doença sem cura.

Temos um presidente da República que promove linchamentos mas que, covarde, diz que não mandou ninguém matar.

É só “um pouquinho de terrorismo”.

 

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