Wanderley Guilherme dos Santos e a tragédia brasileira

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Entrevista para lá de bem feita da sempre ótima Maria Cristina Fernandes, no Valor, com Wanderley Guilherme dos Santos, um cientista político que usa as palavras para revelar, não para esconder. Um – e quem sabe mesmo “o” – roteiro de um livro sobre a crise da democracia brasileira, que está longe, longe de se aproximar do fim. Aliás, muito próprio no nome de tragédia que Santos lhe põe, onde o personagem central, Lula, cada vez mais segue o destino que lhe é imposto, o que, ironicamente, incomoda o entrevistado.

Um país nas mãos do acaso

Wanderley Guilherme dos Santos tornou-se eleitor no governo Juscelino Kubitschek. Atravessou como adulto, portanto, o governo de 15 presidentes da República. Aos 82 anos de idade, o decano da ciência política no Brasil nunca assistiu a crise igual.

Vê o país imerso numa tragédia grega. Os personagens sabem que o papel desempenhado vai dar errado, mas, nem por isso, são capazes de mudá-lo. Ao contrário da tragédia grega, no entanto, o Brasil não está marcado pelo destino. Depende, mais do que nunca, do acaso para mudar o rumo da história.

Nenhum personagem da política brasileira fica em pé ante seu tirocínio. Wanderley Guilherme vê vulgaridade em todo lugar. Do vampiro da Tuiuti à intervenção no Rio, mas nada o impacienta mais do que a teimosia do PT em desqualificar uma disputa eleitoral sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Além de antidemocrática, a cegueira deliberada petista ignoraria a evidência de que a decisão será de uma maioria insatisfeita com este governo. É à clareza deste cenário que atribui o envolvimento do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso na busca de um candidato improvável. Para Wanderley Guilherme, FHC tem a “lucidez desesperada” de quem sabe que vai perder e teme que as forças a serem derrotadas não se conformem com o resultado.

Casado com a ex-ministra da Cultura Ana de Holanda e muito próximo dos três filhos e três netos, Wanderley retomou, depois da colocação de dois stents no ano passado, os seminários no Instituto de Estudos Sociais e Políticos (Iesp), os cáusticos artigos em seu blog (Segunda Opinião) e as pesquisas para um novo livro sobre a crise da democracia.

Não se lhe atribua o pessimismo, portanto, às contingências da idade. O pensador que previu o golpe no Brasil em livrinho de 1962 que virou um clássico (“Quem Dará o Golpe no Brasil?”, Civilização Brasileira), desta vez não se atreve a fazer prognósticos. O grau de imprevisibilidade da conjuntura política não lhe deixa dúvidas de que esta é a pior crise pela qual já passou o país.

O Brasil não se redimirá antes da eleição, mas a história não termina aí. Além de advogar a legitimidade das próximas eleições, com ou sem Lula, Wanderley Guilherme comprova sua afeição pela polêmica ao defender um plebiscito, depois da posse, para que o futuro presidente não se transforme num refém de um Congresso igualmente eleito. A seguir, a entrevista:

Valor: O senhor escreveu recentemente que uma eleição sem Lula não é uma fraude eleitoral e que a lei está a favor das expectativas dos desvalidos. O que pautará esta eleição?

Wanderley Guilherme dos Santos: Nunca me deparei com uma circunstância de crise política igual à atual. Nunca vi nada igual a isso e não apenas no Brasil. Há uma desestruturação tão grande no sistema político, uma multiplicação de centros autônomos de decisão arbitrários, que, todavia, não podem ser domesticados, ou enquadrados. Também não quer dizer que suas decisões sejam cumpridas, mas torna-se um fato a própria decisão, e não o cumprimento dela.

Valor: O senhor está falando do Judiciário?

Wanderley Guilherme: De todos os grandes atores. O governador [Luiz Fernando] Pezão [PMDB] declarou ter perdido o controle da situação. Teria que ter deixado o cargo. Acontece que ele não pode deixar o cargo, porque o vice está doente e não pode assumir. O Judiciário toma decisões indevidas. Não cabe ao Judiciário, efetivamente, vetar nomeação de um ministro. Não importa se é a Cristiane Brasil. Como nem todas as decisões do Judiciário têm tido consequências, às vezes eles fingem que não houve nada e recuam. Estão agora para saber se mudam ou não a prisão em segunda instância.

Valor: Agravou-se, então a ausência do chamado poder causal das instituições?

Wanderley Guilherme: De todas. O senador Renan Calheiros [PMDB-AL] recusou-se a cumprir uma decisão da Justiça e ficou por isso mesmo.

Valor: O senhor fala daquela recusa em receber um oficial de justiça…

Wanderley Guilherme: Sim. O presidente da República, que é um perverso fútil, toma decisões absolutamente levianas, e delas recua também com toda a leviandade.

Valor: Por exemplo?

Wanderley Guilherme: A mais recente é a do mandato coletivo [de busca e apreensão]. Daqui a pouco vai recuar da própria intervenção. As coisas não têm um encaixe para que você possa entender a linha perversa que as une. Isso eleva o grau de imprevisibilidade da crise a níveis realmente bastante difíceis de serem administrados. Mantenho a tese de que, em sequência ao impedimento de Dilma Rousseff – que teve pretextos, mas não teve razões -, ninguém sabia o que fazer. A decisão de implementar, de maneira absolutamente brutal, um programa que havia sido derrotado nas eleições desmancha não apenas um sistema de proteção social que foi costurado ao longo de governos petistas, mas que vinha desde a década de 30 e fora respeitado, inclusive, por governos conservadores, como os de Jânio Quadros e Juscelino Kubitschek. A CLT não foi obra do PT, as empresas estatais de setores-chave da economia também não. Foi obra, inclusive, de governos militares.

Valor: Não havia uma estratégia, mas houve consenso pelo impeachment…

Wanderley Guilherme: A que serviu o pretexto da pedalada? Queriam o poder. Tiraram. E só prevaleceram pelo que me parece ser o cimento de todas essas forças, que é impedir o retorno da centro-esquerda ao circuito de poder no Brasil. Nem mesmo o período militar deixou de ter os seus representantes nacionalistas do Exército. Fascistas, mas do ponto de vista de política econômica, assinando alguns itens da pauta que sempre foi da centro-esquerda. Isso desapareceu. A desarticulação das políticas sociais e do sistema político é tal que não pode haver solução antes das eleições de outubro.

Valor: É o grande desaguadouro disso tudo?

Wanderley Guilherme: A única saída democrática para esse imbróglio entre todos – e não apenas entre os conservadores e os progressistas, mas entre os próprios conservadores – são as eleições de outubro. O problema é que, para os grupos no poder, essas eleições não podem resultar na vitória da centro-esquerda. Serão oito meses de agonia, durante os quais não haverá decisão democrática sobre nada relevante no país. Todas as decisões tendem a ziguezaguear. A abordagem, as perspectivas, a linguagem, as propostas da maioria das lideranças do país, de todo o espectro político, inclusive da esquerda, não são incultas; são vulgares. É vulgar o conteúdo e a forma de apresentar. As declarações do presidente da República me envergonham como brasileiro. Eu fico envergonhado, também, por várias declarações da esquerda.

Valor: O senhor está falando da denúncia da ilegitimidade das eleições?

Wanderley Guilherme: A esquerda discute os problemas com linguagem de botequim. Isso impede qualquer possibilidade de uma tolerância democrática, porque você tem que conversar com adversários ideológicos e com competidores políticos. A não ser que você reduza o pudor das pessoas, você não pode conversar amanhã, produtivamente, com alguém que hoje você chamou de ladrão, de fascista. Não pode, mas é o que está acontecendo pela vulgaridade em que se encontra a política. A esquerda e a direita se digladiaram no Carnaval. Você quer mais o que em matéria de vulgaridade? As escolas de samba não são vulgares. Transformá-las em intérpretes da política é vulgar.

Valor: No que os ex-presidentes Lula e FHC contribuem para esse caldeirão de vulgaridade?

Wanderley Guilherme: Li hoje [22/2] que, numa manifestação pública em Minas, Lula teria dito que não aceitaria a decisão de não ser candidato, por parte do Judiciário. Eu espero vivamente que ele não tenha dito isso pela responsabilidade que tem o Lula de ser um representante extraordinário e depositário de uma carga de confiança e fidelidade inédita no Brasil. Porque só se dá uma declaração dessas quando você está às portas de tomar o poder revolucionariamente. Você pode criticar e chamar de injusta, mas dizer que não aceita? Isso é juvenil. Porque se um jovem diz isso não tem a menor consequência, mas um líder político não pode dizer isso. E Lula, antes de qualquer um, não pode. Mas não lhe atribuo 100% de responsabilidade. É o contexto que está obrigando as pessoas a, para se manterem no debate, falar coisas como essa. Porque se ele não disser isso, ele deixa de ser ouvido.

Valor: E Fernando Henrique?

Wanderley Guilherme: Chego lá. Estamos vivendo uma tragédia grega com alteração no desfecho. Na tragédia grega todos os atores agem sabendo que não vão escapar do destino, não importa o que façam. Todos que estão, hoje, no processo político brasileiro, com as posturas que estão tendo, sabem que o que desejam não vai acontecer. Só que não podem agir de outro jeito, tal como numa tragédia grega. Os militares não podem desobedecer ao presidente da República, mas sabem que a intervenção não vai funcionar. Michel Temer sabe que ele não vai obter sucesso com nada do que faz, mas não pode deixar de fazer.

Valor: E o que é uma tragédia grega sem destino?

Wanderley Guilherme: Não sei, porque ao contrário da tragédia grega, em que a explicação era a moira, o destino, aqui quem vai resolver é o acaso. Como foi o acaso que criou aquelas condições para aquele espetáculo de 17 de abril [impeachment]. Só o acaso explica aquilo. Não foi destino, não foi racional, não foi nada. O papel do imponderável hoje é enorme, na medida em que a consciência deixa de ter poder causal. E irrelevante você ter consciência do que está acontecendo ou do que pode acontecer.

Valor: Mas o eleitor também está à mercê do acaso?

Wanderley Guilherme: Não, acho que o eleitor está, como sempre, muito dividido. Sempre tinha uma minoria numa ponta e noutra e o resto se espalhando pelas posições intermediárias. Essas duas pontas aqui estão radicalizadas, principalmente na internet

Valor: Num texto recente o senhor diz que a politização aumentou, mas ninguém vai para a rua. Qual a consequência disso?

Wanderley Guilherme: Não sei. E esse é um dos dramas, não apenas no Brasil. Hoje há um poder de formação de convicções que têm vida curta. São micróbios.

Valor: Vem dessa fragmentação a crise da ação coletiva?

Wanderley Guilherme: Você não tem manifestações a favor de nada, só contra, fica difícil construir uma ação coletiva. Esta é uma das miopias da esquerda. Lula e seus assessores mais próximos estavam movidos pela expectativa de sucesso na via judicial pela mobilização, mas a rua tem sido irrelevante para o Judiciário. Antes a esquerda acreditava que em Lula ninguém ia mexer. Mexeram. Levaram para depor. Fizeram de tudo. Mexeram no que eles [os petistas] chamam de “a cama de dona Marisa”. Não houve reação. Foi condenado e também não aconteceu nada. Todo mundo foi para casa.

Valor: O que sugere que se Lula for preso também não vai acontecer nada…

Wanderley Guilherme: Nada. Exceto o que vem acontecendo: as pessoas vão para rua, falam, falam. A senadora Gleisi Hoffmann disse que vai “correr sangue”. Como é que a presidente de um partido como o PT faz isso? Eles representam o povão que não tem recurso de violência, numa situação em que estão na defensiva, pedindo socorro ao Judiciário, e ameaçam correr sangue em reação a uma decisão do Judiciário? Eles não percebem o comportamento esquizofrênico? Não se pode ao mesmo tempo dizer que o Judiciário persegue e pedir licença para ser candidato. Se isso não é óbvio, eu não sei o que diabo é óbvio.

Valor: O que o PT poderia fazer para não enfiar a esquerda nessa encruzilhada?

Wanderley Guilherme: Não sei o que pensa Lula, mas a posição do PT hoje é um bloqueio a formulações e estratégias da esquerda. Acontece que esse poder vai se desmanchar, porque há competidores nessa área. Ciro Gomes e Guilherme Boulos são candidatos legais concorrendo com um pré-candidato ilegal. O que se pretende com isso? Não adianta a blogosfera xingar Ciro Gomes. Eles são uma minoria radical. Não é a maioria do eleitorado do Lula.

Valor: O que o senhor está dizendo é que o PT está correndo o risco de perder o que tem?

Wanderley Guilherme: Sim. É injusto o Lula não ter direito de concorrer. Todos estão de acordo. Mas o tempo está passando. E só Lula pode acabar com isso.

Valor: Com um candidato que unisse as esquerdas, e não necessariamente do PT?

Wanderley Guilherme: Isso só é uma questão importante para quem quer ser candidato, e não é do PT, ou quer ser candidato e é do PT. A definição estratégica não pode levar isso em consideração. O que tem que ser feito hoje é abrir mão da candidatura [de Lula], mas não precisa lançar outra agora. Não deve lançar agora. O que tem que ser feito, e aí você une todos os pré-candidatos, é dizer que não se pode alterar a legislação ou o calendário eleitoral. Porque é o que está em risco.

Valor: Mas o que pode acontecer com o calendário eleitoral?

Wanderley Guilherme: Uma participação militar do Brasil na Venezuela, por exemplo, suspende a eleição. Não estou dizendo que vai acontecer, o que estou dizendo é que o custo de uma solução ilegal para o processo eleitoral é cada vez maior. Hoje o custo mais baixo para resolver todas as pendências é a eleição de 2018, cumpridos seus resultados, seja quais forem. O resto, tudo tem custo alto. O custo de retirar, suspender a intervenção, é elevadíssimo agora. E o custo de permanecer, dependendo do que aconteça, pior. É esta a tragédia grega.

Valor: Mas, se o governo tivesse em mente uma operação na Venezuela, por que teria submetido as Forças Armadas a esse desgaste no Rio?

Wanderley Guilherme: Eles não tomam medidas porque tomaram aquela outra. Não existe isso. O grupo do poder não pensa nas consequências. Dependendo da reação, eles recuam aqui e ali. Se der, vai, se não der, não vai. A Eletrobras ia vender, não vai mais? E a Embraer? Vai se unir com a Boeing ou não? Não vejo possibilidade de nada melhorar antes das eleições

Valor: Mas não há um respiro na economia?

Wanderley Guilherme: Não quer dizer nada do ponto de vista político. Ao conseguir um emprego você não recupera a confiança que já teve. Toma tempo se recuperar de um trauma e confiar na rotina.

Valor: Devido à percepção de que o país está comandado pelo acaso?

Wanderley Guilherme: O respiro não vai afetar o humor da população, que, ao longo desses oito meses, vai ficar ainda mais apreensiva por conta de tudo que passou. E a essa altura não é só o problema do emprego. A renda caiu muito e tem o problema da segurança. O povo está atordoado. Não entende o que está acontecendo com o país. Não é para entender, porque não tem inteligibilidade no que está acontecendo.

Valor: Mas queria voltar à comparação entre os papéis de Lula e de Fernando Henrique, como as duas reservas de liderança política no país. Como o senhor viu a articulação de Fernando Henrique para viabilizar Luciano Huck?

Wanderley Guilherme: Fernando Henrique está tentando desesperadamente livrar a direita de uma derrota porque sabe que [Geraldo] Alckmin, [José] Serra, João [Doria], qualquer um perde a eleição. Talvez tenha a percepção, ou o temor, de que neste caso o grupo que vai perder, tal como já violou a Constituição antes, viole de novo. Peça para violar. É a tradição da UDN. Então, eu até entendo o Fernando Henrique. Ele está com muita clareza. Tem mais de lucidez desesperada do que “gagazice”. Não acho que esteja gagá. Vão perder. Então está fazendo um esforço monumental para ser competitivo. Teme que, do jeito que está a vulgaridade, essa tropa toda vá para rua querendo militar.

Valor: Esse desespero justifica um nome a qualquer custo?

Wanderley Guilherme: Que outra coisa ele pode fazer senão tentar? Ele nem mesmo detém o partido. Só tem o nome público. A máquina é de Alckmin, que vai perder.

Valor: Mas, se o PSDB e a base governista conseguirem manter a coesão, não levam?

Wanderley Guilherme: Não sei se vão, mas podem se juntar. Só que, em condições normais, não ganham a eleição. Só ganharão se Lula oferecê-la numa bandeja. Se ele, por si próprio, se liquidar como um grande eleitor. E aí, sabe-se lá. Porque aí vai valer a tal da segmentação eleitoral: uma parte vai para o Ciro, uma parte vai para não sei quem, uma parte para não sei quem… Aí, a direita se une e vem qualquer um.

Valor: Mas a esquerda teria que se unir desde o primeiro turno?

Wanderley Guilherme: É difícil tirar o Ciro, o Boulos, ou o PT. O primeiro turno vai ser do jeito que sempre foi. Um bando de candidatos que concorrem para fazer bancada. Mas a esquerda só perde se for idiota

Valor: E o que é ser um competidor idiota?

Wanderley Guilherme: É lançar um candidato único agora. Quem quer que surja com essa força vai ser decepado pela Lava-Jato, como aconteceu com [ex-ministro] Jacques Wagner. O PT, como partido mais importante da esquerda, deveria conversar sobre eleição e definir candidatura mais para frente quando o calendário eleitoral já estiver assegurado. Esta é a campanha. Garantir a legitimidade da eleição. Ela é legal. Está de acordo com o cronograma, com os ditames da Constituição. Só se o eleitorado for coagido e violarem as urnas é que se pode falar em fraude. Mas isso é depois da eleição.

Valor: No que a intervenção militar no Rio pode causar impactos na sucessão?

Wanderley Guilherme: Tanto se ficar até o fim quanto sair, é ruim. Porque a intervenção, até agora, não aconteceu. Não vai dar certo porque para isso tem que ocupar mesmo. E onde é que iríamos parar com essa maluquice de mandato coletivo? Como é que o governo toma decisões dessa magnitudade futilmente? A gente vai ficando com a pele grossa e não se dá conta da magnitude da barbaridade que está o país.

Valor: O senhor conhece precedentes para esta intervenção?

Wanderley Guilherme: Existem duas hipóteses para a intervenção: Estado de defesa ou segurança e questões de segurança nacional. E aí, não existe intervenção parcial. A intervenção é no poder. Os milicos “de pijama” estão dizendo que tem que intervir em tudo. E eles têm razão, no sentido de que é isso que a lei diz.

Valor: O senhor fala da centralidade da eleição, mas o Brasil não corre o risco de eleger apenas mais um refém de um Congresso carcomido?

Wanderley Guilherme: A campanha para presidente tem que deixar claro que o eleito tem que pedir autorização ao Congresso para fazer um plebiscito revogatório de uma série de medidas. No período de graça o governo consegue tirar isso do Congresso. Não é revogar tudo. Tem que começar a discutir uma pauta desde já.

Valor: Mas o Congresso a ser eleito será mais ou menos aquele que votou essas medidas a serem revogadas. Isso não afronta o mandato desses parlamentares?

Wanderley Guilherme: E daí? Foi o mesmo Congresso que votou as medidas do Lula e da Dilma [Rousseff]. Mudam e votam. Já votaram as leis de quilombola e agora estão tirando. Votaram as leis de proteção à Amazônia que agora estão tirando. Vota e tira, mas isso só acontece no período de graça.

Valor: Mas seja quem for eleito, será presidente por uma margem muito pequena. E, se perde, já começaria derrotado…

Wanderley Guilherme: Aí acabou. Mas eu não vejo outro meio. Qualquer candidato com expectativa de ser positivo para as classes mais vulneráveis tem que imaginar como fazer isso. Senão, para que vai se eleger? Só se está iludido que vai fazer maioria. Porque não vai.

Valor: Essa defesa de um plebiscito contraria uma posição histórica sua contra democracia direta…

Wanderley Guilherme: Uma coisa é submeter um programa no início do governo, outra é chamar o povo o tempo inteiro para votar. Isso sou contra. Mas o plebiscito e o referendo são recursos constitucionais legítimos em situações excepcionais. E a situação é excepcional.

Valor: Mas para que submeter o programa de governo a um plebiscito se o candidato acabou de ser eleito?

Wanderley Guilherme: O eleitor elege lado, não o programa. Não é para dar carta branca. Tem que ser específico. São coisas que deveriam estar sendo pensadas junto com o problema fiscal do país. Não é apenas “vou acabar com as maldades de Temer”. É realmente fazer alguma coisa que possa sustentar os quatro anos de negociação com o Congresso que vamos ter.

Valor: O presidente eleito propõe um plebiscito desses e a bolsa despenca para 20 mil pontos…

Wanderley Guilherme: Quinze dias depois, sobe. Imagina se esse pessoal vai deixar de ganhar dinheiro? Cai quando ficam com medo de perder dinheiro, mas depois volta. Bolsa e [Jair] Bolsonaro não entram na minha equação porque não têm nenhum efeito de longo prazo.

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56 respostas

  1. ALGUNS PITACOS DO MATUTO VELHO!

    … Ao repreender o presidente Lula por não aceitar a decisão [criminosa] da “Justiça”, o catedrático professor Wanderley Guilherme dos Santos manifesta o narcisismo e a gelidez dos intelectuais “acostumados a não [não!] pisar no barro concreto das lutas populares”!

    ***

    … Agora, num ponto nevrálgico e agudo, o emérito professor Wanderley Guilherme dos Santos demonstra um discernimento magistral:
    se o presidente Lula for preso, a reação popular será bisonha, rala, trôpega…!
    O matuto velho também tem esta, digamos, convicção!
    O consórcio nazigolpista talvez muito mais que nós todos!

    EM TEMPOS DE BARBÁRIES TROPICAIS:
    eu lamento temer que o jurista Sepúlveda Pertence tornar-se-á (sic) o congênere Tucano José Eduardo Cardozo do presidente Lula!

    ***

    … Permito-me ousar tentar entender um pouco a, digamos, cautela do egrégio intelectual Wanderley Guilherme dos Santos:
    o tarimbado professor percebe a iminência de um golpe militar no Brasil!
    Olívio Dutra, Rui Pimenta e tantos outros já manifestaram de forma mais explícita esta preocupação razoabilíssima!
    (…)
    Cenário vislumbrado pelo matuto velho:
    Raul Jungman nomeado presidente civil sob a égide de um regime militar!
    A conferir as nossas platitudes e profecias!

    ***

    … Ah, e quando a política é adredemente desmoralizada…
    Na há vazio na política!
    Não sendo as togas, são as fardas!

    $$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$

    GENERAL MOURÃO ANUNCIA FRENTE DE CANDIDATOS MILITARES
    Ao passar para a reserva, comandante que defendeu golpe militar diz à revista Piauí que vai articular candidaturas fardadas ao Congresso, assembleias e Executivo

    Por jornalista Fábio Victor
    28/02/2018
    (…)

    FONTE: http://piaui.folha.uol.com.br/general-mourao-anuncia-frente-de-candidatos-militares-nas-eleicoes/

    1. Matuto, Messias ? Seja mentiroso não, cérebro perspicaz, isso sim ! Essa do Jungman foi na veia. Verdadeira ou não a sua tese, casa perfeitamente com o “teseado”. Velho, Messias ? Talvez, mas muito melhor do que velhaco !

  2. Acho que o Professor Wanderlei está muito exigente no que toca à racionalidade política, à coerência e ao estabelecimento de uma linha de atuação da esquerda. Acontece, professor, que o Brasil está um cu. E como dizia Raul Seixas no Metro linha 743: Quem será este desgraçado dono desta zorra toda?… Não é hora de pedir coerência, boa educação, racionalidade. Qualquer que seja o candidato eleito, encontrará um país ingovernável e terá contra si toda a oposição raivosa que possa existir. E aí, professor? Quem é que vai resolver essa parada? Antes de limpar toda a zoeira vai correr sangue e, quer saber? acho que tem que correr sangue mesmo. Só o sangue derramado pode chamar de volta a racionalidade.
    E Raul ainda disse:
    – Eu morri e nem sei mesmo qual foi aquele mês
    Ah! Metrô linha 743

    1. Vc sabia que Raul compôs essa música para fazer crítica as lojas maconicas de Salvador na época?

  3. Debate difícil para quem olha o Brasil além do horizonte.
    Em 1964 diziam: Os golpistas não passarão!
    Não passou, até que o compadre do Jango recebeu aquela mala recheada de verdinhas e mudou de lado.
    Lembro-me como foi triste, no dia 02, ver as ruas no Centro do Rio desertas, sem vida!
    A classe média, naqueles dias, apesar da Marcha da Família com Deus pela Liberdade, estava, parcialmente, dividida.
    O congresso não tinha forças para desalojar o Goulart.
    A Embaixada do Império do Norte teve que mobilizar seu corpo diplomático para coordenar o golpe. A Quarta Frota, tudo acertado, em dúvida, deslocou-se em direção à nossa costa.
    Golpe dado!
    Em 2016, só foi preciso azeitar os testas de ferro.
    Não aprendemos, ontem como hoje, que sem a participação do povo a casa grande dita as regras.
    Precisamos aprender com Darcy Ribeiro e lutar pela educação do nosso povo para amenizar a manipulação.
    Ele tentou educar o Rio com o CIEPS. Se aquele projeto fosse a nível nacional?
    A nossa prioridade, a do memorável Darcy: https://www.facebook.com/LafaieteDeSouzaSpinola/posts/536024086555004
    O Brasil só será uma nação, quando houver a participação maciça, consciente, do seu povo!

  4. A Crise Institucional que se abate sobre o Brasil pós golpe e suas consequências de tragédia em toda cena nacional é tão devastadora, que Wanderley Guilherme dos Santos, decano da ciência política, aos 82 anos,que adulto atravessou o período de 15 presidentes da República, diz que nunca assistiu crise igual e exita em prever um possível desfecho para essa “tragédia grega” tropical.

    Apenas faço uma correção ao texto. Lula disse que apesar de não aceitar uma decisão judicial que o impeça de ser candidatar, a acata e dela recorrer às instâncias superiores, como vem fazendo. Após a decisão final do STF, caso esse venha a confirmar o impedimento, dá-se prosseguimento à tragédia grega tropical, cujo final é de difícil prognóstico pra mestre Wanderley, o que dirá pra nós “mortais”.

  5. O Cientista Wanderley Guilherme me parece estar rancoroso em suas análises. É duro com todos, mas joga a responsabilidade por trazer de volta a tranquilidade ao país nas costas do Lula. Ora, ora.

  6. Concordo com ele que Lula deveria abrir mão da candidatura agora e não lançar nenhum nome se precavendo que a lava jato vai pegar.
    Só quando as candidatura estiverem concluídas o PT lançaria, poderia se r até ele mesmo, assim poderia discutir projetos de nação e como enfrentar as maldades do vampiro.

    1. Renato, e se o PT lançasse um cansidato que não tenha cometido crime para a lava-jato não pegar? Tou brincando, é claro! Só a filiacão ao PT já é prova que o meliante incorreu no art. 288 do código penal…

  7. Quem tem ouvidos que ouçam, o centro esquerda só perde as eleições se fragmentarem; e daí prá frente, garantir uma maioria no congresso, como disse o professor; quem quer que seja que se eleger, ficará refém do congresso.

  8. Sinceramente, todo o maior respeito pelo histórico do Professor, é claro. Mas acho que ele “joga” no colo da “vítima” o ônus da prova, tal qual o MP e o judi$iário Golpista o fazem. Não é LULA que tem que provar que é INOCENTE…é o MP e o Judi$iário que têm de provar que ele é CULPADO…E por que cargas d’agua o PT tem que abrir mão da luta – que já acho bem morna – e abrir espaço, de mão beijada, para qualquer outro candidato, seja de que matiz seja ??? Diz pro P$DB que o partido não tem chances nenhuma e que portando deve deixar que outros partidos de seu “lado” lancem candidatos e que o p$db vai apenas apoiar ??? E quanto ao Plebiscito Revogatório das “BANDIDAGENS” do QUADRILHÃO, é o LULA que desde sempre vem defendendo esta alternativa constitucional para reverter os A$$ALTOS…Ora LULA e PT têm sim que LUTAR com todas as FORÇAS para manter o LÍDER ABSOLUTO na BRIGA pela Presidência…Ou o Professor acha que se ENCOLHER nas cordas do RINGUE é a GARANTIA de Vencer o Combate ??? MUHAMMAD ALI só teve um e apesar de BRILHANTE e VITORIOSO estrategista, morreu de Mal de Parkison de tanto LEVAR PORRADA NA CABEÇA !!!

  9. “O povo está atordoado. Não entende o que está acontecendo com o país. Não é para entender, porque não tem inteligibilidade no que está acontecendo.”

    Acredito que com o impedimento de Dilma, todos os pilares que sustentavam nossa sociedade ruíram. Ficamos sem rumo!! 50% da sociedade apoiou o golpe e os outros 50% deram de ombros. Então todos têm parcela de culpa, cada um que assuma seus 50% de responsabilidade na tragédia atual que vivemos. A culpa paralisa e explica a falta de ação coletiva. Estamos numa terapia coletiva forçada, talvez nunca vivenciada tão conscientemente, e espero que resulte numa catarse coletiva…. Que pilares mais fortes sejam forjados e que consigamos nos reinventar. Crises são oportunidades para crescer!

    E… acho que a entrevistadora deixou escapar uma boa pergunta: o que define como “período de graça” do Congresso?

    1. Patricia, no mes de abril de 2016, 79% dos brasileiros apoiavam o impeachment; 11% eram contra, e 10% nao sabiam o que pensar.

  10. Isto aí é uma coisa que as forças mais consequentes da esquerda brasileira está colocando! Setores e figuras mais tradicionais do PT e PCdoB estão vendo que, estas eleições vão ser impedidas de acontecer. Ou seja, a direita (DEM, PSDB,PP, EVANGÉLICOS, MDB) já estão articulando a inviabilização de , ou qualquer candidato de esquerda com possibilidade de vitória, através de ações impeditivas, ou diretamente, uma crise criada para adiar as eleições. Com um congresso de canalhas, aprovam qualquer coisa visando isto. E, eles topam, inclusive, convocar um novo presidente GENERAL.

  11. Com todo respeito que merecem suas cãs, o que vejo é um intelectual, com uma visão legalista da história, para quem ganhar ou perder é meramente um passe no tabuleiro “Se isso não é óbvio, eu não sei o que diabo é óbvio.“ O que provavelmente o professor não consiga ver é exatamente o óbvio: o impacto brutal que a desistência do Lula provocaria nas pessoas. Estamos diante do que talvez seja a maior liderança popular mundial no momento, condenado injustamente, o que, segundo pesquisas recentes, é sim percebido pelas grandes massas. Para milhões de pessoas simples e humildes – e eu vivo no meio delas – Lula tornou-se sinônimo de esperança. E não se trai a confiança de um povo. Não vejo em função de que o Lula deveria abdicar de sua candidatura, criando um vazio perigosíssimo, que nenhum dos 3 outros candidatos tem a menor condição de preencher

  12. A entrevista que vale é a do Lula à Folha. Pé no chão e lucidez.
    Após isto, a direita procura entre a “esquerda” intelectuais que possam ajudar na confusão da classe média.
    O Professor tem um conceito de Democracia e sua Fraude (ou Farsa) que à Direita parece interessante.
    E, de resto, à ela: “bem vindos aqueles que lançam celeumas sobre o PT”.

  13. Discordo do grande Wanderlei. A luta por e com Lula é fundamental para o Brasil. Não adianta se iludir que outra liderança conduziria o Brasil para a recuperação econômica e democrática, após a destruição do golpe. Cegueira é não ver que Lula é hoje tão importante para o Brasil como Ghandi foi pra Índia e Mandela para a África do Sul.

  14. Embora tenha opinião diversa em muitos pontos deste padrasto (?) do Eduardo Campos, está entrevista serve para realçar ainda mais o tino político do Lula. Ele sabe que está acabado. Afinal forças muito poderosas já decretaram , há tempos, a sua morte (o povo, e só ele, que poderia reagir a isto não se deu por conta e não percebe a falta que Lula fará num espaço de muitos anos a partir de agora). Lula sabe disto e sabe que qualquer um que ele designe , agora, seu sucessor será impiedosamente destruído pela justissa brazileira entreguista e pela imprensa. Então ele só vai declinar o nome mais tarde , fora ou dentro da prisão (esta possibilidade me enche de tristeza. Justo com o homem que mais fez pelos seus semelhantes que sempre habitaram o fundo do abismo social brasileiro).
    O problema, como diz o professor: as esquerdas são burras e por aí pode se eleger um Bolsonaro. Tudo deveria ser feito para haver uma união em torno do Ciro Gomes, na falta de Lula (que rezo para que não falte)

    1. Tá bom. Já que “as esquerdas são burras”, então vamos de Ciro Gomes. Obviamente que ele não é burro e tampouco de esquerda, não é?
      Ou, na sua visão, ele é de esquerda mas não é burro? Se isto for sua verdade, logo não se pode dizer que “as esquerdas são burras”, tanto você, quanto qualquer um, incluindo seu admirável “padastro (?) do Eduardo Campos”. Isto são chavões da direita para estigmatizar a esquerda, que não se resume a partidos políticos. Estes são apenas uma das expressões plurais dos movimentos sociais identificados com um mundo justo e solidário.
      Por favor, releia a entrevista do Lula. Ele não se acha acabado. Pelo contrário. Sabe e tem dimensão de que sua prisão poderá lhe ocorrer, mas nem por isso se achará derrotado, pois sabe que há milhões de Lulas, que apesar de distintos entre si aspiram os mesmos ideais que Lula, de um Brasil soberano e com justiça social. E foram conquistados não pelo discurso demagógico ou histriônico, mas pela prática e pela sinceridade de intenções nas ações governamentais que, para os desfavorecidos históricos cada vez mais se tornam evidentes.
      “O apressado come cru”, diz o ditado. Assim, as forças que apoiam Ciro, excluindo-se aquelas principais de direita e que, tão quanto ele são oportunistas e desumanas, estão ludibriadas pela ansiedade da pressa em verem sonhos realizados hoje, mas se esquecem que a história não se escreve em dias, meses ou anos, mas através de gerações. E Lula, o “analfabeto” sabe disto melhor que os “doutores”.
      Ao final, lhe digo uma coisa: caso Ciro tenha o sucesso que almeja ele terá que comer num cocho, abraçando os anseios populares ou os anseios dos golpistas. Até o momento ele aspira à segunda opção, quando com sua política do “morde e assopra” sobre o PT e Lula anima a direita que lhe dará cada vez mais espaço. Se ele não sabe disso é porque é burro, mesmo querendo ser esperto. Mas de esquerda não parece ser.

      1. Ciro é um cara que tem preocupação social – pode acreditar nisto. Mas porque eu sugiro Ciro – porque ele leva a maioria dos votos do Nordeste. E o Nordeste ganha eleição.
        Mas é óbvio que eu sou muito mais Lula e me bato em pensar que ele venha a ser excluido da eleição. E talvez cometa suicídio caso ele venha a ser preso , pois acompanhei o que este cara fez pelo povo mais esquecido e mais humilhado deste país. Escrevi e ilustrei textos e textos sobre isto.
        Mas onde está o povo nas ruas para defende- lo ? Vi 70 mil nas ruas em Porto Alegre no dia 23 de janeiro. Gente de todo o Brasil. Emocionante. Mas não vi ninguém depois da condenação feita por aqueles três filhos da puta.

  15. Contestar o eminente professor é obra para os incautos; não é o meu caso, que só tenho por ele grande admiração. Mas tentar entender certas coisas, mesmo interrogativamente, não é contestação. Como é que Lula pode abrir mão da candidatura se é o preferido da maioria dos eleitores ? E a manutenção não é a melhor forma de se defender da injustiça de seus algozes ? E quando Lula diz que não aceita a decisão do Judiciário de impedir sua candidatura, não é uma declaração coerente, aceitá-la não seria assumir a culpa ? A não aceitação não pode ser entendida apenas como uma sensação da injustiça, não significando que impedido vá querer se candidatar de qualquer maneira, aí sim só viável com uma revolução ? E se FHC tivesse mesmo uma lucidez desesperada, com a percepção de que vai perder, não seria mais lúcido tentar evitar que a tropa toda vá à rua pedindo militar aceitando Lula candidato e parasse de agredi-lo com vilanias ?

  16. que raiva que eu tenho desses quinta colunas da esquerda, dizendo que Lula tem que abrir mão da campanha, desistir bando e covardes!!!

  17. O Judiciário deixa expulsarem uma presidente legítima, quebra o País com a lavajato, protege todo tipo de bandido do PSDB e do PMDB, violenta a Constituição permitindo prisão após condenação em segunda instância, e o Lula deve abaixar a cabeça e ser responsabilizado por tudo? Me poupe professor, por isso que o senhor tem espaço nos orgãos do PIG. Sua entrevista é um desserviço à causa democrática.

  18. Confesso que essa entrevista me deixou um pouco atordoado. Embora discordando de certos pontos, pontos longe de serem secundários (como essa birra contra a manutenção da candidatura Lula, que até a última gota acho que se faz estratégica, e fiz questão de dizer isso no próprio blog do Wanderley, aliás), a avaliação dele sobre o ineditismo e os riscos do nosso atual desarranjo institucional por conta do impedimento e a analogia com a tragédia grega foram na mosca.

    Mas na verdade só quis passar aqui pra parabenizar o Fernando, e pelo seguinte: Fernando, sen-sa-cio-nal essa mudança no sistema de comentários. Olha, o debate agora subiu a um nível tal, que.. que dá gosto de ver, viu? As discordâncias finalmente se tornaram férteis, e pouco desagregam.

    Enfim, parabéns pra você e pra todo pessoal.

  19. Ridículo esse culto ao personagem deslocado da realidade na pessoa do entrevistado. Só podia ter sido publicado no Valor mesmo. O fulano não tem visão de mundo atualizada e parece não entender quem é Lula e o que ele significa para o povo e para o pouco de recomposição democrática necessária. Infelizmente a “vulgaridade” que parece tanto incomodá-lo está fora de foco na sua análise. Confio ainda no Lula e no Rui Pimenta. Já cansou ler tanta abobrinha em textos desse tipo.

  20. Se sabe fazer melhor, candidate-se! Senão, pare com esse blá-blá-blá.
    Vai ter Lula, sim senhor.

  21. Com todo o respeito ao seu saber, mas esta difícil de digerir a sua democracia receita de bolo.

  22. O professor WGS faz uma ode a defesa das regras do jogo democrático e ao Estado de Direito e vê nessa defesa o único meio de combater o Golpe de Estado e a destruição que lhe acompanha. Entendo que o professor como todos nós esteja profundamente contrariado com o Golpe e com a maneira em que ele se deu, mas ele não se deixa levar por esse sentimento de contrariedade. Nós que compartilhamos esse mesmo sentimento, deveríamos ter a mesma disposição de enxergar a saída em meio aos caos e não sucumbir diante dele. A eleição deste ano é hoje o único limite que nos separa de uma ditadura, a única barreira contra a tirania. Não disperdissemos esta última arma que nos resta. Acima dos nomes está a possibilidade de reverter esse nosso eterno destino despótico. Tenho insistido que um golpe de estado contra uma democracia precisa de um regime político que o estabilize e que democrático esses regime não pode ser. O único remédio para salvar o paciente enfermo são as eleições desse ano, se é que o mal e o veneno que o acometeu ainda não comprometeu definitivamente aquele corpo.

  23. Então, é legítimo e estratégico que a chamada direita apresente um único candidato, enquanto as chamadas esquerdas dividam o populacho, permitindo, assim, a eleição da histórica quadrilha hereditária no Congresso? Também é necessário se submeter à facção criminosa denominada sistema judicial? Com tais argumentos, a paranóia coletiva se amplia e a Nação que se dane. Este país é um hospício e enquanto o “elenco” desses pensadores não for substituído, o futuro será sempre uma ilusão, pois, sustentáculos de uma ficção demo-crática, verdadeiro “sistema operacional” positivista incrustado na Bandeira que nos venda os olhos com sua ordem e seu progresso.

  24. Parece que os senhores das letras e livros não compreendem a grandeza e importância de Lula, e também a gravidade do que está acontecendo no Brasil e América Latina. Lula 2018. Lula lá. Luuuuulaaaa.

  25. Parece que a colocação dos dois stents está prejudicando o poder de análise do grande “pensador”. É complacente com o golpista FHC, que com o maior presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva e outras besteiras mais.

  26. Essa entrevista deixa as pessoas mais confusas do que esclarecidas e não dá pra se escorar no argumento de que estamos numa balbúrdia geral. A crítica a Lula de que não respeita as decisões da Justiça logo é contradita de que o “povão” não foi as ruas revoltado por condenação a Lula, onde há margem aí para o desrespeito às leis? Não entendi. Ademais, a crítica ao movimento do PT acata / grita contra a Justiça em geral parece pertinente, mas é compreensível para um partido. Outra coisa que acho absurda é pedir para que o maior líder do país desista das eleições, isso é pedir pra ser covarde diante de responsabilidades históricas para atender responsabilidades de ‘governabilidade’, ora, isso, é para depois das eleições. Com vitória de Lula, com maioria de votos, é obvio que se tem mais cacife para governar. Não entendi o amarelamento de W. G. dos Santos, prenúncio de golpe militar? Melhor entregar as jóias?

  27. Discordo somente em relação a Lula desistir. Não dá e não cabe. Ele é ponto de união e convergência do Brasil que precisa sobreviver. Não há outro e vai demorar a aparecer e o povo precisa desse ponto de referência. No resto a entrevista é bastante clara e lúcida.

    1. O professor foi num jornal da Globo para falar que Lula tem que desistir.
      Esse é o sonho da Globo.
      Mas Lula é a única chance da esquerda.
      O acaso está sendo construído.

  28. Bolsa a 20000 pontos? Oba! hora de comprar! esses filhos da puta do mercado pensa que todos somos idiotas. Eles são prostitutas esperando os gringos pra vender as suas carnes. Compram na baixa quando o mercado fica volátil e vendem na alta quando as coisas estabilizam aos gringos que, como patos, vem para o Sul no inverno. Essa merda de mercado de capitais brasileiro não financia nada a longo prazo. Qual a grande obra de infraestrutura capitalizada nessa bosta de valores? Esses papéis só ficam trocando de dono. Sem BNDES, nada de investimento e emprego!

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