A estupidez é uma praga mundial e a mídia a dissemina

brutalidade

Quase escrevi, ontem, sobre a onda de comentários na rede sobre a sujeira em Copacabana e as bobagens que, por isso, se dizia sobre a inferioridade do povo brasileiro por isso. Claro que vi também as outras, com que se respondeu a este “viralatismo”, mostrando que é imundície pós reveillon é universal e ri muito com o twitter do Guga Chacra, ótimo comentarista internacional do Estadão sobre o fato de pessoas irem para a virada do Ano Novo de fraldas pela falta de banheiros na Times Square, em Nova York.

Depois, fiquei pensando em quanta bobagem se faz com este “politicamente correto” que deseduca, cria divisões entre as pessoas e, pior, cria com isso ódio e intolerância. Vira o espelho do preconceito, uma imagem igual e invertida.

Aí leio as reportagens sensacionalistas sobre o assassinato da criança em Santa Catarina e sobre seu suposto assassino.

E uma bobajada sobre ele ter sido morto por ser índio e que o rapaz que o teria matado fez por ser “emo”, homossexual, “satanista”e “drogado”.

Não é que não matemos indiozinhos no Brasil.

Matamos muitos.

Nem falo das orgulhosas conquistas bandeirantes, Brasil adentro.

Falo de hoje, em que os matamos de fome, porque foram empurrados para as piores terras, onde vivem miseravelmente, matamos de doenças transmissíveis para as quais não têm resistência e não têm médicos,  matamos pela perda de identidade cultural de suas famílias, de desestruturação que faz grassar o alcoolismo. É verdade que ainda morrem alguns a bala, por jagunçadas que, felizmente, são cada vez mais raras, embora existam.

E não se vê tanta cobertura jornalística ou indignação com isso.

O menino Vítor Pinto não morreu porque era Kaingang, morreu porque os Kaingang são pobres e pobres saem para mercadejar seu artesanatos ou quinquilharias e ficam nas rodoviárias, como  lá estava sua mãe a amamentá-lo.

Assim como o rapaz que o matou (se for mesmo ele)   o fez porque é um doente mental – isso amplificado por uma patologia familiar –  e  não porque é gay, “emo” ou usa roupas pretas, ou acaso tinha uma tatuagem “demoníaca” ou de “zumbi” pelo corpo. Se fosse assim, teríamos legiões de assassinos entre os jovens do Rio ou de São Paulo, onde estas bobagens se contam aos bocados em braços, pernas, costas e peitos.

Barbaridades assim sempre aconteceram e o preconceito e a descriminação funcionam como combustível para isso, agora devidamente amplificados por uma mídia e um radicalismo onipresentes. Houve casos conhecidos, como o da “Fera da Penha“, em que uma mulher descobriu que o amante era casado e, seu desequilíbrio mental se exponenciou com os ciúmes e o fato de “ficar mal-falada” e a levou a matar uma das filhas dele, de quatro anos de idade.. Outros, desconhecidos, íntimos, como o de uma tia-avó minha que, nos anos 30, deu “o mau passo”, teve de fugir da “roça” e, mesmo com o abrigo de minha avó, depois de ter a criança, bebeu formicida e morreu.

Cada um de nós deve refletir humildemente e sempre praticar o gesto de por-se no lugar de outro. Quando vi o “babado” de uma cantora reclamando no palco, em pleno show, de um possível assédio de seu marido a outra, imediatamente me veio a ideia  do que seria se os papéis estivessem invertidos, e fosse um cantor que expusesse, ao microfone, a sua mulher ou namorada que estivesse  conversando – ou mais que isso, não importa –  com um D. Juan barato…

Não é preciso falar de quão estúpido e baixo seria fazer isso publicamente com uma mulher.

Vivemos a era da intolerância e onde o “barraco”, a brutalidade, os conceitos “absolutos” passaram a ser instrumentos de marketing pessoal e até político.

É por isso que estão lá em cima as chamadas, lado a lado, da homepage do Valor Econômico, agora de manhã, com as imagens de Barack Obama,emocionado no ato  de apresentação de sua proposta de reduzir – só um pouquinho – o comércio de armas nos EUA e Donald Trump  anunciando outro muro para os mexicanos pobres e uma espada para  o o “Estado Islâmico” que vai sangrar o pescoço de todos os muçulmanos.

É com elas que volto ao início, à sujeira em Copacabana que não é tão diferente da sujeira em Times Square.

A estupidez é uma microcefalia mundial, uma zica, e seu “aedes egypt” é um sistema de mídia que se alimenta da brutalidade.

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14 respostas

  1. Mais um excelente texto do Brito.
    Há um ditado que diz : “Deus deve amar os estúpidos e ignorantes, pois eles são a maioria”…

  2. Esse posto cai como uma luva para o personagem patético que vomita aqui suas baboseiras, conhecido como Alisson-Klaus-Cloves-Bronco. Não duvido que essa besta ache que a culpa do assassinato da pobre criança seja do PT, do Lula e do Foro de São Paulo. Einstein estava certo sobre a infinitude da estupidez humana….

  3. E isso ai Brito,
    a estupidez e universal, acham as maiores idiotices para publicar nos jornaloes, os cidadaos dos estados unidos sao ainda mais massificados que os do Brasil, os europeus nem se fala e so ver como votam, quanto a choradeira do Obama deveria estar pensando nas criancas da palestina (bebes) assassinados com os ataques israelenses, hospitais no afaganistao,quem lembra de faluja no iraque que nao viu a siria, etc. etc. as barbaridades na arabia saudita no yemem, na africa em todo lugar…a hipocresia e alarmante ..

    1. Concordo em momento algum eles mencionam os milhares ou milhões de pessoas que morreram e ainda morrem nestas guerras fabricadas pelos ABUTRES INTERNACIONAIS com o único objetivo o CONTROLE DAS RIQUEZAS DESTES PAISES E se hoje HA TERRORISMO ele surge devido A MISERIA DESTA GANANCIA E que dentro de milhares de cidadãos NEM TODOS TEM SANGUE DE BARATA. para ver as riquezas de seu país sendo roubado e o povo na miséria. QUE O DIGA A PALESTINA.

  4. Se levarmos em consideração que o desequilibrado do Trump lidera entre os pré-candidatos Republicanos com o apoio dos “armeiros” e de um Congresso que a todo tempo vomita a Segunda Emenda. O choro de Obama é perceber que fica cada vez mais difícil fazer seu sucessor.

  5. Fernando, sem querer provocar uma polêmica.
    Quem mata? A arma ou o dedo que aperta o gatilho?

  6. A chamada grande mídia está perdida correndo contra os avanços das mídias eletrônicas que lhes tomam o espaço. Assim apelam para noticiar somente o que não presta e tentam se manter vivos. Para tanto associam-se com o que há de pior nas sociedades e procuram seu apoio para a sobrevida. O Papa Francisco, com razão enfatizou a busca insana pelo quanto pior melhor; a grande mídia ainda não entendeu que perdeu credibilidade e isto vale para o Brasil, EUA, Europa, enfim para o mundo todo. Por isso temos que aturar comentários idiotas como o do comentarista da Band – Casoy -, além dos “Globonews boys and girls”, o PIG como um todo.

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