Há seis meses, discutia-se a “inflação abaixo do piso da meta“, ou 2,5%. Hoje, a equipe econômica torce para que fique nos 4% da meta e, para isso, os preços em dezembro terão de se “comportar muito bem”.
Ao contrário do que mandaria a lógica econômica mais primária, a queda na demanda deveria levar a um arrefecimento nos preços, mas isso não ocorreu.
O final de ano sem o 13° dos aposentados e quase sem auxílio emergencial deve esfriar a atividade econômica, mas não necessariamente os preços.
O IPCA-15 divulgado hoje pelo IBGE, de 0,81%, veio acima das previsões dos bancos e, pior, talvez não cai até a conclusão do índice “cheio”, que capta a variação dos preços até o dia 30 de novembro.
Ontem, mostrou-se aqui que a terceira semana de novembro foi de forte alta nos preços.
O aumento é brutalmente pior para os mais pobres, que concentram suas despesas em alimentação. Os preços de alimentos e bebidas tiveram alta de 2,16% no mês, sendo que os consumidos no domicílio subiram 2,69%.
Ao mesmo tempo, a manutenção de juros irreais – cada vez mais negativos – está obrigando o Governo a praticar prazos curtíssimos, com juros maiores, no financiamento do déficit público imenso a que a pandemia nos obrigou.
A situação econômica do país é uma gambiarra instável, que range em todos os seus pontos de articulação.
O nível da ocupação dos brasileiros é o menor em 28 anos.
2020 foi o ano da pandemia, mas 2021 será o de uma crise polítco-econômica galopante.
Se é que se vai esperar o Réveillon.
Não ache que o Guedes e o Bolsonaro perderam o tom otimista à toa, não.