A pesquisa Datafolha, realizada ontem e anteontem, e sua indicação de que a reprovação a Jair Bolsonaro – tanto em geral quanto, especificamente, no combate à pandemia – segue crescente e dificilmente sua erosão será contida, desta vez, pelo pagamento do auxílio emergencial.
Mas o grau de avaliação positiva que ele conserva (30% em geral e 22%, pasmem, nas ações antiCovid) mostra que ele, ainda, conserva firme o arame farpado da irracionalidade que mantém, bovinamente, o eleitor de direita em seu campo.
Mas a cerca de espinhos eriçados também está pondo porteira afora todo e qualquer um que não idolatre a estupidez e o ódio.
É por isso que haverá, sim, polarização eleitoral em 2022 – embora, como corretamente observou a jornalista Helena Chagas, isso não queira dizer que o polo oposto ao de Bolsonaro vá radicalizar-se, porque o polo bolsonarista é, por natureza, radical, com a aparente perda definitiva do que seria sua porção apenas antiesquerda.
E é também por isso que não se conseguiu formar uma “esperança de centro” para o conservadorismo brasileiro, ainda marcado pelo estigma de ter sido o responsável por termos um monstro na presidência da República, algo que nos está sendo letal a olhos vistos, aliás visível não só aqui mas, assustadoramente, no mundo.
Com menos de 4% da população mundial, nosso país respondeu, ontem, por mais de 28% das mortes causadas pela pandemia em todo o planeta, o que vale dizer que o brasileiro tem, agora, sete vezes mais chances de perder a vida para o vírus que a média dos habitantes do planeta.
Mesmo em relação ao agora “2° colocado” em mortes, os EUA, a chance de morrer aqui é 3,3 vezes maior.
Assim, não há que se falar em “polarização indesejada” quando um dos polos é a morte.