Os dados da Fundação Getúlio Vargas, apontando uma alta de 1,03% no Índice de Preços ao Consumidor Semanal, comparando a variação dos preços apurados há um mês, mostram que estamos entrando num terreno perigoso que os economistas chamam de estagflação: economia parada e preços em alta.
Estamos no primeiro mês de um trimestre (março-abril-maio) em que, se a inflação fosse zero, o acumulado anual subiria 0,6%, porque, no ano passado, o início da pandemia derrubou os preços, pela falta de demanda.
Mas a inflação não será zero, ao contrário.
As projeções – que, em geral, são otimistas – do mercado aberto estão hoje em um IPCA de 0,88% para março. Só isso nos levaria para perto de 6% em 12 meses acumulados.
A “esperança”, um paradoxo gritante em dias como estes, é que a semiparalisia da economia, pelo recrudescimento da Covid, segure o consumo e amenize a alta de preços e a consequente alta da inflação.
Também hoje a FGV dá elementos para verificar que, de fato, há uma retração forte na disposição ( e nas condições) da população. O Índice de Confiança do Consumidor que, em relação à situação atual do país, desabara,. Diz a FGV que “a percepção dos consumidores em relação à situação econômica geral diminuiu 3,7 pontos em março, para 70,3 pontos, menor valor da série histórica iniciada em setembro de 2005. Seguindo a mesma tendência, o indicador que mede a satisfação sobre as finanças pessoais caiu 7,0 pontos, para 58,5 pontos, o menor nível desde abril de 2016 (56,8)”.
É por risso que Jair Bolsonaro não deixará para trás a sua feroz polêmica contra governadores e prefeitos que estão tomando medidas protetivas.
Ele precisa de “culpados” pelo desastre econômico, mal que não tem cloroquina que dê jeito.