Jair Bolsonaro manda anunciar que não irá depor na Polícia Federal, hoje, em Brasilília, como determinou ontem o ministro Alexandre de Moraes.
Neste momento, arma-se um arranjo pelo qual a desobediência do presidente da República fique camuflada com uma decisão de emergência, do presidente do Supremo, Luís Fux suspendendo a ordem até que ela possa ser apreciada pelo plenário.
Não é regimental, mas Fux já fez isso, no exercício da presidência, quando Ricardo Levandowski autorizou que Lula, então preso na carceragem de Curitiba, desse uma entrevista à imprensa.
Bolsonaro tinha direito – e até motivos – para ser ouvido no Palácio do Planalto, mascando hora para receber a delegada federal . Mas não o fez e, na última hora, “resolveu” que não prestaria mais declarações, contradizendo a sua manifestação anterior que, embora pedindo mais prazo, não continha resistências a depor.
O que leva à inevitável conclusão que conduziu a situação de propósito, seja para fazer-se de valente vítima de uma suposta arbitrariedade de Moraes, seja para causar surpresa, comparecendo para fazer o tradicional “quem não deve, não teme”, neste caso extremamente improvável.
O recurso que vai apresentar ao Supremo, minutos antes de chegar a hora do depoimento, não garantias de prosperar senão com Fux. A alternativa de apresentá-lo a Moraes tem o risco de ser ignorada, embora vários ministros-bombeiros o estejam aconselhando a sustar o depoimento.