Aprendendo a passar fome

A manchete do Estadão não poderia ser um retrato mais cruel do que significa a opção de Jair Bolsonaro entregar o governo – e o dinheiro do governo – para o “Centrão”.

Cortar o reajuste do valor miserável da merenda escolar (R$ 0,36 para alunos do ensino fundamental e médio), que não tem reajuste desde 2017, não pode merecer outra qualificação senão a de monstruoso.

O pouco de comida que as crianças recebem é conseguido pelo complemento de estados e municípios dados à alimentação escolar, mas o valor é limitado, e tende a ficar mais, com a queda da arrecadação provocada pelas “bondades” de Bolsonaro nos impostos sobre combustíveis e energia elétrica, que levando a uma queda na arrecadação que os governos estaduais dividem com as prefeituras.

O número é estarrecedor: a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional afirma que a fome dobrou nas famílias com crianças menores de 10 anos: de 9,4% em 2020 para 18,1% este ano.

E mais estarrecedoras são as cenas que revelam como enfrentar esta escassez: crianças tendo as mão carimbadas para não repetirem o prato minguado, ou que são forçadas a dividir por quatro um único ovo cozido.

Será que Paulo Guedes vai dizer que, depois da eleição, vai reverter isso?

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