Aproxima-se a aterrissagem

Nem os mais otimistas dos crentes da “retomada econômica” – sabe-se que é uma seita fundamentalista que, há quatro anos, subiu ao altar da mídia e de lá não saiu – estão festejando os índices exuberantes de crescimento como o divulgado ontem, pelo IBGE, de um crescimento de 8% na atividade industrial.

É notório que, exceto em alguns setores que ainda penam e penarão – turismo, lazer, cultura, etc – o resto da economia já não opera com restrições faz algum tempo e conta com uma injeção de renda (os R$ 50 bi do auxílio emergencial e de crédito favorecido pelas linhas governamentais.

A tendência é de que, em agosto e setembro, quando saírem os indicadores, registre-se certa estabilidade, embora em patamares ainda ligeiramente inferiores ao período pré-pandemia.

O final do ano, porém, vai ser o início da aterrissagem da economia na realidade: o auxílio emergencial estará pagando suas últimas (e menores) parcelas; o 13° de aposentados , antecipado no primeiro semestre do ano, não vai irrigar as compras de final de ano, o fim das suspensões de contrato de trabalho, prorrogados dos três meses iniciais trará necessariamente redução na força laboral, entre outros impactos negativos.

Nas palavras do experiente analista José Paulo Kupfer, “a ‘recuperação’ exibida a partir do terceiro trimestre terá de ser considerada entre aspas. Será mais um achado estatístico, causado pela base deprimida de comparação, do que propriamente um sinal concreto de retomada”.

Não há investimento, nem planos de investimento que não sejam (ou continuem sendo) uma mirífica chegada de uma onda de inversões privadas e estrangeiras, que hoje e há tempos só dá sinais de refluxo.

Enquanto isso, vamos desfilando as vistosas penas do pavão das “reformas”.

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