Não, embora pareça muito, o que você está assistindo não é somente uma pantomima de quinta categoria quando vê Donald Trump sair de um hospital, em meio ao tratamento de sua infecção pela Covid-19 e assomar à sacada da Casa Branca para, como nos filmes de Super-Homem, arrancar a máscara e proclamar sua invulnerabilidade.
O que você viu é uma amostra do perigo que os EUA – e, portanto, o mundo – correm nas quatro semanas que faltam para as eleições presidenciais por lá e, talvez, nos dias que se seguirão a um resultado que se desenha cada vez mais pessimista para o atual presidente.
Já não é mais indireta a maneira que Donald Trump demonstra a sua disposição de arriscar vidas para continuar no poder, como quando isso se expressava em sua oposição a suspender atividades ou a desprezar a necessidade de isolamento social e máscaras.
Agora, é abertamente, é pessoalmente, é escancaradamente que faz o convite a todos que se exponham à doença e à morte: “não tenha medo de Covid”, não deixe isso dominar sua vida”, para um país que perdeu mais de 210 mil vidas.
Certo que não nos estranha tanto por termos aqui a versão tupiniquim de tal deformidade, à qual nos acostumamos tristemente.
Mas a nossa tem, pelo seu tamanho e pelo tamanho a que se reduziu o nosso país, alcance limitado.
No caso de Trump, não.
O grande governo mundial, hoje, os “mercados”, parece não se importar com a construção de regimes alucinados, como há 90 não se importaram com a ascensão do autoritarismo na Europa, então centro do planeta.
As próximas quatro semanas serão de interrogação e medo sobre quão longe irá Trump para evitar a derrota que fica mais previsível a cada dia.
Hoje, uma pesquisa nacional da CNN aponta que Joe Biden chegou ao máximo de favoritismo que alcançou nesta campanha, abrindo 16 pontos de vantagem (57% a 41%) sobre o atual presidente.
Serão, mesmo, quatro semanas de um Trump sem máscara.