Chega mais Coronavac. Até fins de março, 90% das vacinas são “China”

A chegada a São Paulo, hoje, de insumos para a produção de 8,7 milhões de doses da Coronavac, totalizando 17,3 milhões de doses a serem entregues no final de fevereiro/início de março gera, para quem ainda tinha dúvidas, de que vacina, no Brasil, é a chinesa.

Com estas entregas, 90% das vacinas serão as da Sinovac, em parceria com o Butantã: serão 27,1 milhões e apenas 2 milhões da Astrazêneca/Oxford, que só começará a ser entregue pela Fiocruz no segundo semestre de março e que precisa de muita sorte para que a farmacêutica cumpra a promessa de enviar, dias 23 e 28 deste mês, insumos para terminar março com 10 milhões de doses disponíveis. A ver, pois o atraso no primeiro lote ainda veio acompanhado de uma inexplicável redução de quantidade: o suficiente apenas para 2,8 milhões de doses está em território nacional.

É claro que à Fiocruz não faltam experiência e capacidade para ser o centro de um processo de imunização nacional. Ela traz, no nome e em 120 anos de história a tradição que lhe permitiria isso. O que faltou – e talvez só agora não falte, pela necessidade política que dela passou a ter o antivacina Jair Bolsonaro – foi apoio, financeiro, político e diplomático para fazer com que ela se impusesse aos laboratórios como representante de um país que, pelo tamanho e pelo (ainda) peso econômico, tinha todas as condições de competir com o mundo desenvolvido pelas vacinas disponíveis.

Tanto é assim que um simples governador de Estado – ainda que do mais rico do Brasil – pôde negociar com a China, um dos maiores pólos produtores de imunizantes e fazer com que, mesmo insuficientes, tenhamos agora a Coronavac para aplicar na população que segue morrendo à razão de mais de mil por dia.

Dória, claro, faz toda a demagogia que pode e que não pode com as vacinas mas, convenhamos, ele fez as vacinas chegarem pelo caminho óbvio: o dos nosso maiores parceiros comerciais.

É claro que a China tem seus interesses comerciais no Brasil – como nós temos na China – e é óbvio que isso pesa muito na hora de definir para onde vão as vacinas produzidas por lá. Não é diferente no resto do mundo e basta ver como os EUA e o Reino Unido estão entupidos de vacina, em número muitas vezes maior do que o de seus habitantes. Idem, Israel.

Mas, de lá para cá, só as bandeiras que os bolsonaristas carregam em seus desfiles.

A turma antivacina do Bolsonaro, que agrediu e atacou de todas as formas os chineses e suas vacinas está caladinha ou tentando “tirar onda” com o imunizante que jurou que jamais iria comprar.

Termos a vacina chinesa é um retrato chocante do quanto estamos desperdiçando na relação com os chineses, que seguimos encarando apenas como compradores de minério, soja e carnes e não como um parceiro possível em tecnologia e produção.

 

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