Execução sumária e em massa é um desafio aos generais da intervenção

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São sete, até agora, os corpos encontrados na Pedra do Anel, área situada entre duas instalações militares: o Forte do Leme e o Forte Duque de Caxias, no complexo da Praia Vermelha. E parecem ser consistentes as informações de que houve uma execução em massa de traficantes que, segundo um dos relatos, já teriam se rendido a policiais militares que os perseguiam pela mata.

Se foi assim, como a Polícia Militar e seus integrantes, no Rio de Janeiro, estão sob a jurisdição do Exército Brasileiro, trata-se de um assunto afeito à Força Armada, muito mais em uma área em que uma ação deste tipo não poderia, pelos disparos efetuados, ter ocorrido sem ser percebida pelos quartéis vizinhos.

Se os autores da chacina são PMs, na prática, trata-se de tropa subordinada aos generais da intervenção e aos oficiais que escolheram para comandar as forças policiais.

Ninguém pode acreditar que haja tolerância do General Wálter Braga Neto ou dos oficiais generais que o auxiliam a  uma selvageria deste tipo. E, se não há, é preciso descobrir e punir tropas que se transformam em esquadrões da morte, julgando e executando pessoas, sejam elas quais forem.

Porque o nome disso é assassinato e assassinos são criminosos, seja usando bermudas e chinelos ou fardas.

Do contrário, se estará permitindo que uma força armada oficial aja como os assassinos do Estado Islâmico e todos sabem que os que se acham no direito de executar homens já dominados, mesmo num confronto de guerra, não vão hesitar em matar por outros motivos e se tornam uma matilha de chacais, não uma unidade militar.

É claro que uma outra matilha, a dos vira-latas que seguem as tropas de verdade a procura dos despojos que essa guerra insana lhes dá – e não é só a classe média bolsonarista, não, mas também a mídia que explora, dos estúdios com ar refrigerado, a gritaria o “mata mais” – vai urrar de prazer, pedindo que não sejam sete, mas 70, 700, sete mil ou 70 mil, porque há no Brasil de hoje seguramente mais do que este número de pessoas envolvidas com a criminalidade e, portanto, no juízo deles, merecedora de uma bala na nuca.

Como diz o professor de Jornalismo Nílson Lage:

Mataram meia dúzia de traficantes. A direita bolsonárica rejubila-se, os de coração sensível lamentam o fim esperado dos moços.e a maioria vira a cara e olha para outro lado.
Esses têm razão é uma não notícia que se repete. Novos rostos sem importância servirão à cidade viciada, como de tantas outras vezes.. Havendo mercado, sempre haverá mercadoria, e quem a venda. Os que ganham com isso não sobem morros nem correm riscos.

Na política, maior o drama: erguer a voz contra estes crimes é passar por “defensor de bandido”.

Os militares já foram desafiados por estes núcleos de homicidas formados dentro das corporações policiais com o assassinato de Marielle Franco, do qual, até agora, tem-se apenas um informante misterioso, na presença de quem teriam sido discutido detalhes do assassinato da vereadora, no qual morreu também seu motorista Anderson Gomes. E lá se vão três meses…

Qualquer comandante militar sabe que “não dar em nada” seus subordinados tomarem o freio nos dentes e o que julgam ser “justiça” em suas mãos armadas é algo que se multiplica sem controle se não é punido.

E o que é punido neste campo pelos que se dizem inimigos da “impunidade” e garantidores da “lei e da ordem”?

Então, estão lá, uivando, os que querem, em lugar de sete cadáveres, 70, 700, 7 mil…

Quem sabe logo os tenham.

 

 

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19 respostas

  1. Infelizmente, desgraçadamente, o que estamos descobrindo nos últimos anos é um país monstruoso que, de repente e sem nada de real que o justificasse, aflorou de forma medonha. Você está certo, uma enorme parte de nossa sociedade, a maior eu creio, soltará rojões pela carnificina.
    Os historiadores terão muito trabalho para explicar como um país e uma sociedade afundaram tanto na lama, após 13 anos de esperança e avanços em todas as áreas. É muito mais inexplicável do que o nazismo na minha opinião.

    1. Pois eu discordo. Acho que vão soltar fogos, mas não será a maioria, ainda que venha a ser uma parte bem barulhenta!…

    2. não foi de repente Antonio

      sou se São Paulo e por aqui – desde sempre – o discurso é esse – tem que matar mais, porque bandido bom é bandido morto

      a sociedade apoia esse tipo de execução sumária
      e depois do golpe os reaças estão se sentindo à vontade pra se expressar livremente, mas sempre existiram

    3. Estamos olhando um espelho que nos envergonha. As omissões e “acordos” já NÃO produzem a tão desejada “paz romana”. Nossa miséria é imensa, seja ela econômica ou moral. O não enfrentamento dos problemas nacionais, sempre jogados embaixo dos panos, nos levou a um país cindido pela pobreza. O sopro petista de distribuição de renda sem tocar na estrutura da Casa Grande a fortaleceu. Não mudaremos sem que percam mãos e anéis.

    4. concordo com você. é que a gente insistia em não admtir a monstruosidade que é nossa herança escravagista. esse horror esteve o tempo todo presente.

  2. A hipócrita classe média que grita “mata, mata, mata”, é a mesma cujos folhos e filhas não dispensam uma “cafungada” ou um “baseado”.

    Onde há demanda de consumo, há expansão de comércio e toda a sua “linha de produção, bem como atacado e varejo”.

    1. o mais sensato é liberar TODAS as drogas. Mas sensatez não existe na cabeça da classe média que aprova assassinatos. Mesmo um bandido está sob a proteção da lei – se a gente é civilizado. Aqui em Brasilia, há duas semanas, um rapazinho de 16 anos foi linchado e morto porque ACHARAM que tinha roubado um celular. A polícia já concluiu que não tinha. Era um adolescente normal e sem antecedentes criminais. Igual aos adolescentes que o mataram, sob os gritos de aprovação de uma multidão que observava e filmava. Ninguém tentou impedir a barbárie. Aonde foi?
      No Parque da Cidade, na região central! No parque que foi rebatizado de Ana Lidia em memória de uma menina que foi estuprada e morta por adolescentes gente fina durante a ditadura. Somos um país de assassinos, uma sociedade doente, uma nação subjugada pelo ódio e pelo preconceito de classe.

  3. É como no “Ovo da Serpente” de Ingmar Bergman: basta uma linha de comando leniente com psicopatas pra se liberar atrocidades. O gatilho no Brasil foi juiz camisa preta com supremo e pato amarela virando heróis pela Globo.

    1. nunca foram
      na época da ditadura existia o esquadrão da morte que fazia exatamente esse tipo de execução sumária

  4. Eu vi a covardia de um militar PM dando bofetadas no rosto de um rapaz, esse, embriagado e te pedindo mil desculpas por ter tropeçado no seu pé. Veio à minha mente o rosto de satisfação daquele PM que quase arrebentou a cabeça de outro numa manifestação popular. Que pais é esse?

  5. Infelizmente vivemos em um país onde a bandidagem faz o que bem entende com os cidadãos de bem. Ao longo dos anos ,vimos e vemos vidas sendo tiradas covarde e violentamente por esses que parte da sociedade chamam de “meninos”.
    B O N S POLICIAIS, sendo assassinados covardemente , enquanto parte da população que chamam isso de atrocidade, se perfilam diante de barracas pr comprarem mercadorias roubadas. Lamento por aquela mae que chora pelo filho qse embrenhou pelos caminhos errados…, apesar disso, penso naqueles que foram covardemente assassinafis por esses. Tudo é lamentável.

  6. É a barbárie, Fernando Brito, é a barbárie. E todos vocês que dizem para rezar para que o “Santo Lula” seja libertado e, tal qual um herói de capa e espada, derrote o “dragão da maldade” são culpados, ´porque não confiam na única solução possível: que o povo se levante e extermine todos os seus inimigos. Sem messias, sem salvador – a única solução possível é que o povo tome em suas mãos o próprio destino.

  7. e vão continuar exterminando tranquilamente, sem serem perturbados
    e a cambada de descerebrados vão aplaudir e pedir mais

  8. E os autores e os que disso,tiram vantagens,nem aparecem na imprensa cúmplice e criminosa.E, todos aqueles ,poucos hoje em dia,que se informam através dela ,os cidadãos ” QUE SE ACHAM DE BEM “,apoiam com entusiasmo BOSTONARIANO,pois o mesmo tem planos de ESTERILIZAR POBRES,para que não tenham filhos.E parte dos muares ,APOIAM.Remédio pra isso,somente EL PAREDÒN !

  9. Mas que lei? Que ordem? Esses milicos bastardos apoiaram o golpe que rasgou a constituição. Virou zona.

  10. Se matar criminosos resolvesse a questão da segurança pública, o Rio seria uma La Habana.
    Desde 1970 eu, eu ouvia que “a polícia matava os garotos de 14 e 15 anos para não virarem bandidos adultos piores”.
    E a matança dos pobres, negros, mulatos e nordestinos, apoiada pela Ditadura, começou aí. Exatamente aí.
    Resolveu o problema Cariocas e brasileiros? Resolveu? Rrrarrara
    Ao contrário, se espalhou pelo país e todas as policias agora, são assassinas de jovens pobres.
    Matam , não pela segurança, mas para continuar a cultura do medo. Que imobiliza a população. É essa a razão.
    Manter os pobres acuados, com a certeza que se saírem às ruas serão, sim, assassinados pelas forças policiais.
    Nada é mais violento que a fome e a desesperança.

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