Os anos como correspondente – primeiro no Estadão e agora no UOL – junto à ONU fazem de Jamil Chade o mais bem informado e bem relacionado jornalista brasileiro junto à diplomacia mundial.
Seu relato, hoje, sobre a forma que os representantes de todos os países do mundo receberam a fala de Jair Bolsonaro na abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas.
Jair Bolsonaro não tinha chegado nem sequer à metade de seu discurso e meu WhatsApp, Signal e email já estavam sendo bombardeados por mensagens de diplomatas e representantes de entidades internacionais. Todos chocados com o que estavam ouvindo. Mas uma das mensagens, particularmente dura, veio de um representante que faz parte da cúpula das Nações Unidas: “Ele (Bolsonaro) acabou de perder a última chance de ser respeitado”. Em outra mensagem, um mediador perguntava: “Há algo mais extremo que essa visão de mundo?”
O Globo coleciona declarações de professores de Relações Internacionais:
— O efeito mais dramático do discurso é que a conclusão de boa parte dos países será de que o único jeito de deter a destruição do meio ambiente no Brasil é punindo o país economicamente — Mathias Spektor, professor de Relações Internacionais da FGV-SP.
— Deixa o Brasil em uma postura quase fanática em seus posicionamentos políticos, sem espaço para diálogo, tolerância com a diferença e espaço para construções plurais – Mônica Hirst, professora de Relações Internacionais da Universidade Tuorcato di Tella, em Buenos Aires.
Na Veja, Rubens Ricupero, duas vezes embaixador nos EUA:
— Um discurso tão belicoso quanto o de Bolsonaro é quase uma aula de antidiplomacia. Além de ter acentuado o lado negativo ao falar do meio ambiente, ele hostilizou muita gente no Brasil e no exterior. E atacou a própria ONU. Pensava que ele não conseguiria agravar o seu problema de imagem, mas confirmou o que o público externo mais temia: o fato de ser uma pessoa sem abertura nenhuma para a diplomacia.
Volto ao texto de Jamil Chade: “Experientes embaixadores brasileiros admitiram que o que ele fez no palco da ONU não tem precedentes na era democrática do país e poderia se igualar à apologia a um torturador que ele fez em pleno Congresso Nacional, ainda quando era deputado”.
Vale aqui a verve de Reinaldo Azevedo: na ONU, “ouviu-se a voz de um estadista. O estadista dos bolsomínions.”
16 respostas
Como disse um jornalista do NY Times, Bolsonaro se esforça por ser tomado pelos ambientalistas como o vilão ideal feito a medida para ser enquadrado em uma nova modalidade de crime contra a humanidade, o ecocídio. E tudo isso antes do papelão da ONU. Já temos nosso Slobodan verde amarelo, nosso eco genocida verde e amarelo, ridículo e grotesco como só ele sabe ser.
A propósito, quem vai assumir a embaixada do Brasil em Washington? Eduardinho ou Steve Bannon? É a pergunta que está rolando em alguns blogs especulativos.
Policarpo, creio que você se refere a Slobodan Milosevic.
Se é este o caso, gostaria de lembrá-lo que, muito provavelmente assassinado pelos EUA em 2006 enquanto em custódia do fajuto Tribunal Internacional em Haia, Milosevic foi vítima de lawfare, da mesma forma que Lula, durante anos (inclusive por certa parte da esquerda mundial). Durante esse período até sua morte, o único que ouvi levantar a voz aqui no Brasil contra as terríveis falsas acusações que faziam contra ele foi Quartim de Moraes, da Unicamp.
Em 2016, sem nenhum eco ou manchete nos principais jornais do mundo que o denegriram durante anos, foi postumamente inocentado de todas as acusações que se lhe faziam.
Acho importante que restabeleçamos a verdade.
Forte abraço.
Acho que você está confundindo Slobodan Milosevic com Milan Milutinovic que realmente foi absolvido por aquele tribunal. Milan Milutinovic foi Presidente de Servia entre los anos 1997 e 2002, depois de dois governos de Slobodan, do qual ele mesmo foi embaixador. Os dois foram membros e lideres do Partido Socialista Sérvio, mas Milan depois da sua eleição se afastou da influência de Slobodan.
O fato é que Slobodan e outras autoridades civis e militares foram condenados por crimes de guerra, em uma região que é conhecida por seus brutais conflitos nacionais, raciais e religiosos e isso desde a Primeira Guerra. Os terríveis massacres, os estupros, os crimes, a destruição são fatos indiscutíveis. Nacionalismo tem um.sentido muito diferente na Europa do que temos na America Latina. Para nós o nacionalismo tem um significado de busca pelo desenvolvimento econômico e social e soberania nacional contra agressões do imperialismo. Na Europa o nacionalismo normalmente está associado a movimentos chauvinistas, violentos, de fundo racista e segregador, a uma beligerância agressiva. Podemos admitir que outros responsáveis pelo conflito nos Balcãs, por exemplo, a OTAN que autorizou os bombardeiros na ex-Yugoslavia deveriam também ter sido julgados e pagar pelos crimes de guerra, mas isso não absolve o destacado papel de Slobodan Milosevic.
Nós, democratas e socialistas, devemos condenar qualquer tipo de violações contra os direitos humanos, ainda mais os crimes contra a humanidade. Acho que neste caso não se trata de lawfare, ainda que uma série de fatos e contradições tenham acompanhado o julgamento desse caso. E também não compararia com o que vem ocorrendo no Brasil nos últimos anos.
Grande abraço
Milutinovic foi inocentado mais cedo, acho que em 2010; Milosevic apenas em 2016. (gz.diarioliberdade.org/mundo/item/48879-o-tribunal-internacional-de-haia-reconhece-tardiamente-a-inocencia-de-milosevic.html)
Bem, a avalanche de acusações sem provas feitas contra ele me lembra bastante o caso de Lula.
Além disso, nao faltou nem a lavajato lá dele: o tribunal penal “internacional” iugoslavo, montado ad hoc era uma piada (diziam as más línguas que tinha sido montado em Haia pra ser confundido com o outro famoso só pra ver se conseguia um pouco mais de credibilidade).
O mundo tem mais o que tratar para ficar falando de Bolsonaro, e naturalmente a mídia internacional se volta para Trump, pondo Trump Trump e seus problemas em primeiro lugar na berlinda. Mas por toda a parte tem sido quase obrigatório para a mídia a associação de Trump a Bolsonaro, o que será péssimo para o presidente americano. Até o pano de fundo de notícias sobre Trump tem sido não seu retrato, mas a imagem de Bolsonaro discursando. Bolsonaro tem sido apresentado não como sócio de Trump, mas como uma criação do gênio maligno de Trump.
Ele se apresentou como o amante do Trump para o mundo, com direito inclusive de um “I love you, caralho”
Um JUMENTO ACÉFALO e HIDRÓFOBO.
PQP !
Alô brasileiros !!!!! ,até quando continuaremos a provar que somos “pacientes e pacíficos”? o melhor dizer COVARDES .
QUAL É O NOSSO LIMÍTE???? SERÁ QUE A NOSSA COVARDÍA É TÃO INFINITA QUANTO A DELINQUÊNCIA EXPLÍCITA DE JAIR BOLSONARO ??????
o passado responde tua pergunta. Com o tempo, os brasileiros foram amestrados. Hj, nada nos tirará da inércia.
O que você espera de um imbecil? Algo inteligente? Bom então você é um imbrcil
Nenhuma surpresa. Impossível esperar qualquer resultado que não fosse esse. O que se poderia esperar de um animal irracional eleito por 57 milhões de rematados imbecis, assessorado pelo que existe de mais atrasado intelectualmente no país, apoiado pela nata da escória da elite empresarial e para arrematar garantido pelos gorilas verdes-oliva assassinos?
Chapolin, Cantinflas, Jacques Tati, Oscarito, Ankito, Perdoem ele por querer imitar vocês. Só que vocês faziam a gente rir.
Esse anti-socialismo de Bolsonaro é completamente extemporâneo.
Ele fala como se estivéssemos na gerra fria.
Pior, fala como um ditador que vai impedir as eleições livres, evitando assim que o povo pudesse eleger novamente alguém da esquerda. Nunca se viu sujeito tão pretensioso.
Chega diante de uma assembleia das nações unidas como se estivesse pregando para um bando de fanáticos de extrema direita, ignorando completamente que está se dirigindo a vários representantes de países que com sistema socialista.
Nada mais que venha do Cachorro Louco me surpreende, ele é, sem qualquer sombra de dúvida, o mais desqualificado, o mais desclassificado presidente que o Brasil já teve.
O esporro já não é mais em Bolsonaro. Não se pode se indignar com Bolsonaro ser Bolsonaro assim como não se pode se indignar por um canalha ser um canalha. Tem que se indignar é com todos os que ainda estão calados ou apoiando essa desgraça.