Distrair a atenção, o método político de Jair Bolsonaro

Não é preciso gastar bytes com a questão da ordem de Jair Bolsonaro para que nos quartéis se comemore, a 31 de março, o golpe de l° de abril.

Os militares nunca deixaram de fazê-lo, até porque não existe –  senão com a dissolução das antigas estruturas de Estado, como na Alemanha do pós guerra – “autocrítica explícita”  em instituições que buscam se preservar ao longo do tempo, mas processos de depuração gradual.

A questão é que os militares, outra vez, estão servindo de bucha de canhão política para os interesses de Bolsonaro.

É nítido que, ao estimular “comemorações” mais agressivas dos chefes militares, ele quer, indiretamente, acenar com a sua “força nas casernas” para conter a rebeldia que vem encontrando, crescentemente, nas instituições políticas civis.

É a versão militar de ameaça civil que se faz com aquele famoso “se não tiver reforma, você vai ficar sem receber seus proventos todo mês”.

“Se não houver capitulação do Congresso ante os desejos do chefe, vocês vão ter de aceitar um regime militarizado”.

Ocorre, porém, que o mundo é diferente daquele dos anos 60, no qual a eliminação da democracia formal – ou de parte dela – era “aceitável” frente ao dever de “deter  o comunismo”.

“O comunismo, ateu e apátrida, que de maneira solete e soez, tenta solapar a base de nossas instituições”, cansei eu de ouvir a voz monocórdia de Ernesto Geisel repetir na TV, no 31 de março.

E ocorre também que dificilmente os chefes militares estarão dispostos a dar tamanho aval a um homem cujos planos de poder contêm situações estranhas, onde percebem desequilíbrio mental e ligações com o submundo das milícias.

Bolsonaro, para variar, usa o Exército como arma de seus interesses políticos. E se o nosso Exército não perceber isso, vai entrar de gaiato no navio.

 

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