Entrega da Embraer à Boeing foi ótimo negócio. Para a Boeing, claro.

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Não é nenhum jornal esquerdista ou nacionalista. É a Bloomberg, publicada por O Globo quem oferece a explicação, sob o título ” Saiba por que a Embraer é tão importante para a Boeing”:

“O acordo da Boeing com a Embraer é estratégico para a empresa americana não só porque amplia sua presença no exterior como também porque permite à empresa entrar no mercado de aeronaves de médio e pequeno porte. Além disso, reforça sua posição para competir com a europeia Airbus, num momento em que o duopólio das duas gigantes da aviação mundial começa a sofrer concorrência de rivais de Rússia, Japão e China. Além disso, ao acrescentar os jatos da família E da Embraer ao seu portfólio, a Boeing aumenta o arsenal para sua mais recente batalha com a Airbus: o mercado de aeronaves de 100 lugares. “

Mas não para aí o diagnóstico da agência norte-americana de notícias econômicas. Segundo ela, “a Embraer trará para a Boeing uma expertise em engenharia que a gigante americana poderá usar no projeto de seu novo jato comercial de médio porte, apelidado por analistas de 797.” Ou seja: a tecnologia gerada no Brasil será “chupada” pela gigante para produzir jatos de sua própria linha e não do simulacro de “joint venture” anunciado com a brasileira.

 

No comunicado das duas empresas, fica claro de quem será o comando: toda a área de avisação comercial será entregue e comandada deste os Estados Unidos, como registra o comunicado à CVM:

“(…)a joint venture na aviação comercial será liderada por uma equipe de executivos sediada no Brasil, incluindo um presidente e CEO. A Boeing terá o controle operacional e de gestão da nova empresa, que responderá diretamente a Muilenburg [Dennis Muilenburg, presidente mundial da Boeing].”

E quais são as alegadas “vantagens” para a Embraer?Ah,aproveitar a “força de vendas” da Boeing… Num mercado concentrado como o de jatos, que tem uma ou duas dezenas de fabricantes, que adquire aeronaves em escala global e não por proximidade e em se tratando de uma  empresa como a Embraer, com duas décadas como player ( e bem sucedida) no mercado mundial de aeronaves isso é ridículo.

Ah, sim, aponta-se como vantagem também o acesso a crédito mais barato (dá para entender agora o crédito do BNDES à empresa?) e a força do potencial dos EUA ao estabelecer (para si) e recusar (para os outros) proteções alfandegárias na exportação/importação  de aviões…

Fez, claro, um aparente “cercadinho” para a área de tecnologia militar. Bobagem e fantasia. Tecnologia de aviação civil e militar não se separam plenamente nuncae o efeito será apenas de reservar um espaço para brigadeiros aposentados e para alguns promissores engenheiros do ITA,  que desenvolverão, como um segredo de polichinelo nas redes da empresa, seus projetos, peneirados pelos norte-americanos em tudo que lhes possa ser promissor (ou perigoso) em sistemas de aviônica.

A queda de mais de 14% das ações da Embraer registrada hoje, porém, tem menos a ver com o mau negócio para a empresa e para o Brasil e mais com o fato de que, como a negociação só será concluída no próximo ano e o TCU ainda não votou – recorde-se do que se publicou aqui, há quase um ano, quando Henrique Meirelles propôs, em setembro do ano passado  a autorização para vender a “golden share” da empresa – a capacidade de o Governo brasileiro entregar, por dinheiro, a possibilidade de vetar um acordo tão lesivo ao país.

Temer, porém, está agindo vigorosamente para acelerar essa decisão.

Afinal, não é todo dia em que se pode entregar 50 anos de investimento do país em criar uma bem sucedida indústria aeronáutica.

Uma bobagem, para um país que deve é plantar soja, apenas.

 

 

 

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24 respostas

  1. Geralmente os “liberais” inventam alguma desculpa esfarrapada para justificar o roubo do patrimônio público ou o corte de direitos… dessa vez nem se deram ao trabalho de inventar alguma desculpa esfarrapada…não há nada que justifique esse negócio.

    Daqui a pouco vão retirar Santos Dumont dos livros de história para colocar os Irmão Wright.

    1. Pois é. Obviamente que não é crível o papo de que a parte de defesa fica de fora do acordo. Eles não dão ponto sem nó.

      1. Isso tudo é papo furado… eles sempre arrumam um porém…

        1-EMBRAER PRIVATIZADA MAS… ainda será uma empresa brasileira e o maior acionista poderá ter no máximo 33% das ações para impedir monopólio.

        2-EMBRAER DEIXÁ DE SER BRASILEIRA E É ANEXADA PELA BOEING MAS… a parte de tecnologia ainda é de controle do Brasil.

        PRÓXIMO PASSO ÓBVIO:

        3-EMBRAER SE TORNA 100% BOEING E A NOTÍCIA SAI EM RODAPÉ DE JORNAL.

        Toda universidade pública brasileira tem curso de “Engenharia Aeronáutica”… esse tipo de custo e investimento nunca entra na conta ao vender a empresa. Agora os engenheiros brasileiros vão fazer o que sempre fizeram no Brasil: virar “peão de luxo” com toda tecnologia sendo desenvolvida nos USA e todos os cargos importantes ocupados por americanos idiotas.

        O dinheiro da venda da Embraer é irrelevante para a economia nacional.

        1. A venda da Embraer é a prova definitiva de que o objetivo deste governo que aí está não é privatizar, mas sim, entregar. A Embraer já estava privatizada. A permissão de sua venda por uma merreca de dólares para uma empresa estrangeira foi um ato claro e limpo de anti-brasilidade e anti-nacionalismo, ou seja, de entreguismo. Poderia até ser considerado traição da Pátria.
          O maior problema desta entrega, a meu ver, é que tudo indica que a empresa que será criada para ser responsável pela área militar da Embraer não será totalmente brasileira. Foi anunciado e logo se calou sobre isso, mas parece que 20% da nova empresa militar, que deveria ser totalmente nacional, na verdade também pertencerá à Boeing. Com isso, não poderá haver nenhum segredo militar seu que possa ser guardado aos olhos gulosos dos americanos. E como a Boeing já anunciou que quer para ela o avião de transporte militar desenvolvido pela Embraer, o KC 390, que é o melhor do mundo em sua categoria, então ela vai, sim, ter este avião. Preparem-se para ver a Embraer ser empacotada e despachada para Seattle, nos EUA, sede da Boeing. Para quê vai servir doravante o Instituto Tecnológico da Aeronáutica? De que adiantou tanto empenho dos militares em que o país pudesse ter transferência de tecnologia de aviões de guerra que ele viesse a comprar? O país já não tem soberania para defender. Já não tem Amazônia Azul para defender, e em breve nem terá qualquer Amazônia para defender. Os militares, que poderiam ter vetado a entrega do país, não o fizeram, e agora não podem mais ser considerados nacionalistas. Brasil acima de tudo? Não. No Brasil ficará apenas uma saudade, que talvez nem na história oficial será registrada.

          1. Essse militares canalhas nunca foram nacionalistas.São tudo quintas colunas uniformizados.Cadê aquele general lacaio agora para postar no Twitter contra isso?Quando foi para pedir a prisão do Patriota Lula tais canalhas se manisfestaram.Esses vermes não chegam ao pés de Lula e Dirceu.

      2. Permita-me uma correção, Gurgel, não é a parte da defesa que fica de fora, é a defesa. Pelo simples motivo de que depois dessa não há mais defesa, junto à Embraer vai também nossa frágil liberdade.

  2. pra nós restará exportar bananas com agrotóxicos e importar bananadas. Só pra nós, pq ninguém mais vai querer. Seremos clientes vips dos venenos

  3. A tal “força de vendas da Boeing” deve ser a prerrogativa que as empresas americanas têm em fazerem negociatas sem serem incomodadas pela jurisdição universal dos EUA – tal qual eles fazem com empresas de outros países.

    Lembremo-nos que a Embraer recentemente foi punida.

  4. :
    : * * * * 04:13 * * * * .:. Ouvindo As Vozes do Bra??S??il e postando:

    L uz do povo brasileiro,
    U m digno e fiel lutador,
    L astreando com real valor
    A honra do BraSil inteiro.

    .:.

    L ula livrou 36 milhões da pobreza,
    U m feito memorável, sem precedentes,
    L utando contra a mídia venal, teve a certeza
    A bsoluta de estar ao lado dos brasileiros conscientes.

    .:.

    L ivrando da miséria extrema 36 milhões de brasileiros,
    U m feito sem igual, que, por si só, já bastaria,
    L ula segue sendo no mundo um dos primeiros
    A fazer de seu povo a eterna rima rica de sua poesia.

    .:.

    ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ?
    * * * * * * * * * * * * *
    * * * *
    Por uma verdadeira e justa Ley de Medios Já pra antonti (anteontem. Eu muito avisei…) ! ! ! ! Lul(inh)a Paz e Amor (mas sem contemporizações indevidas, ou seja : SEM VASELINA) 2018 neles/as (que já PERDERAM, tomaram DE QUATRO nas 4 mais recentes eleições presidenciais no BraSil) ! ! ! ! !
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  5. Brasil deixou de ser um país desde 2015. Hoje resume-se a um território alvo de saque e brutal espoliação.

  6. Rapaz, esse governo não cansa de fazer besteira. Se essa parceria fosse boa para a Embraer e para o Brasil não sairia nunca. Se houver coisa que os americanos sabem fazer é negócio. Eles têm visão estratégica, e esse governo que aí está é completamente míope. E o pior: os americanos sabem disso.

    1. Acorda… Eles não fazem “besteira”. Eles sabem exatamente o que estão fazendo, à mando dos EUA: fuder o Brasil de Lula/PT

  7. A EMBRAER disputa com a BOMBARDIER a liderança na venda de jatos para até 450 lugares, muito utilizados nos transportes regionais… toda a tecnologia, quadros técnicos, instalações construídos por brasileiros… agora serão entregues à Boeing por uma ninharia… é covardia o que estão fazendo com o povo brasileiro, que nunca reage à rapinagem feita contra o nosso país… lastimável…

  8. 4 bI é dinheiro de pinga para Boeing. Ganharam parques industriais prontos para fazer jatos de médio porte. Ficou bem mais barato que construir e investir num novo parque industrial só para aviões de médio porte e de quebra levou a mão de obra especializada nesse tipo de avião. Qdo os americanos aprenderem esse serviço, pé na bunda dos brasileiros.

  9. Em recente artigo publicado no Wirtschaftswoche Rüdiger Klani-Kreß descreve a compra dos projetos de fabricação das aeronaves da nova C-Serie da Bombardier pela Airbus como um dos melhores negócios do século XXI. O redator chega a referir-se ao acordo como um presente para a Airbus, que de fato levou um projeto de quase 10 bilhões de dólares praticamente de graça. Não só isso, caso a linha C venha a ter custos adicionais (o projeto não está ainda completamente concluído), o que é muito comum em empreendimentos dessa envergadura, quem arcará com estes custos será o governo Canadense juntamente com a Bombardier.

    Depois da união entre a Bombardier e a Airbus ficou praticamente insustentável a situação da Embraer, que de todas as players é a que mais saiu perdendo com essa cartada da Airbus. Agora está praticamente selado o destino da Embraer, ou ela se “associa” a Boeing ou definhará até perder completamente espaço para as gigantes do mercado. Isso sem contar com a cada vez mais acirrada concorrência que vem sofrendo da rival chinesa Comac, que a passos largos vem tirando a diferença tecnológica que existia. Resta saber em que bases se dará essa “união” uma vez que para a Boeing a aquisição da Embraer seria extremamente vantajoso, não só pelos custos altíssimos que envolve a criação de uma nova linha de aeronaves como a E2 da Embraer, mas pelo tempo que isso levaria. Para completar a Boeing vem tendo problemas e alto custos com o projeto do 737Max7 que deveria concorrer exatamente com os C-Serie e E2. Desse modo, esse valor de 3,85 bilhões pela aquisição da Embraer me parece extremamente baixo, o que me leva a refletir que daqui a algum tempo estarei lendo (nao nos jornalecos do Brasil) sobre o segundo melhor negócio do século, a aquisição da Embraer pela Boeing.

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