A caminho de um desastre parece ser a descrição mais correta para as contas externas brasileiras, em franco processo de deterioração.
Hoje saiu o resultado da quarta semana da balança comercial e o déficit entre exportações e importações já passou de US$ 1 bilhão, contra um superávit de US$ 4 bilhões em novembro passado. Com mais uma semana, a conta do mês deve fechar em -US$ 1,7 bilhão, se não houver nenhuma operação contábil (exportações de plataformas de petróleo, por exemplo) que o reverta.
Parte, mas não toda, a queda das exportações tem sido explicada pela retenção no exterior dos dólares obtidos com a venda de produto, mas penso ser difícil que isso seja em tão grande quantidade, com a “boa” cotação do dólar nestes dias. O que há, mesmo, é queda das vendas físicas, o que acentua o déficit: menos 46,1% em produtos manufaturados, menos 37,8% em semimanufaturados e até perdas (31%) em produtos básicos, tudo em comparação com novembro passado.
Na comparação ano a ano, a queda das exportações já anda pelos 35%.
Mas não é só aí que a saída de dólares assusta: até o dia 18, houve êxodo de R$ 5 bilhões de investidores estrangeiros na Bolsa e o investimento estrangeiro direto caiu de US$ 8,4 bi para US$ 6,8 bi.
O déficit em conta corrente brasileiro voltou aos níveis de 2014 e todo mundo viu no que isso deu. Isso é sinal de paralisia econômica.
Achar que a economia está crescendo por alguns indicadores positivos de varejo em tempos de liberação de FGTS e pela atividade de final de ano é muito primário, até mesmo para os analistas brasileiros, especializados da teoria econômica do “agora a coisa vai”, uma espécie de versão acadêmica daquela moça Bettina, que ficava rica a partir do nada..