Guerra sem regras, sem fim e sem vitória

Há mais de meio século glorificam-se as ações policiais de vingança contra bandidos.

A morte do detetive Milton Le Coq que levou a execução do seu suposto assassino, Manoel Moreira, o “Cara de Cavalo”, alvejado por mais de 100 tiros de revolveres, metralhadoras e espingardas, teve, afinal, a mesma mecânica que o fuzilamento de oito anônimos na comunidade de Salguerio, num mangue às margens da Baía da Guanabara, em São Gonçalo.

De outubro de 1964 até ontem, passaram-se quase 60 anos e a fuzilaria de então à de domingo, manteve-se a brutal inutilidade deste tipo de ação.

Apenas podemos mudar o nome do que se criou então – o “Esquadrão da Morte” – para o se se tem hoje: os “Batalhões da Morte”.

Repete-se, no mais, o que vimos em Vigário Geral, em Manguinhos, e em tantos outros aos quais se acrescenta agora o Salgueiro: mata-se um policial, morrem cinco, oito, 15, 20 outros.

Quem eram, pouco importa, se eram diretamente culpados, muito menos. São pobres, são pardos, são pretos, é o que basta para serem mais que suspeitos, serem condenados à pena de morte.

Não foi ao pelotão de fuzilamento que se condenou o músico Evaldo Rosa, pelo fato de ser negro e ter um carro da mesma cor de outro que teria sido roubado?

As milícias estão por aí, as quadrilhas de traficantes também seguirão, como os milicianos, imperando nas comunidades pobres.

E, alimentados pela mídia “mundo cão”, seguirão sendo aos milhares os que gritam: “é isso mesmo, tem de sentar o dedo”.

A classe média acha bonito o Black Lives Matter, mas não se traduzido em português.

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