Indicador econômico, agora, não mede mais nada

O Estadão diz que o cálculo da inflação de março será fortemente distorcido pela mudança do perfil de compra ( e certamente pela coleta virtual de preços).

O câmbio, que já subia enlouquecidamente, perdeu todo o pé na realidade econômica, se é que há alguma realidade econômica neste momento.

Igualmente, indicadores de produção e de vendas terão pouca valia, refletirão mais o funcionamento ou não de seus setores que do que a demanda por eles, salvo em setores específicos.

Tudo o que importa, agora, é que não falte dinheiro para pessoas e empresas sobreviverem e, para uma e para outras, que este dinheiro seja estratificado para as mais fracas e sem recursos, em ambos os casos.

Não é difícil perceber que isso se faz pela absorção do que é ganho para uns e gasto para outros: a absorção pelo Estado das folhas salariais, em proporção inversa ao tamanho de cada empresa, mas sempre em níveis altos.

E esqueçam a possibilidade de que isso vá durar apenas três meses, porque a atividade econômica não vai se recuperar por mágica e permanecerá deprimida por longos meses após o pior da crise.

Vinícius Torres Freire, na Folha, mostra que “dinheiro novo” injetado para conter esta crise, longe do trilhão anunciado por Paulo Guedes (como ele gosta de trilhão, lembrem-se da Previdência) é, de fato, R$ 210 bilhões.

O resto é dinheiro contábil, eletrônico, uma espécie de “quantitative easing” como o do Federal Reserve americano na crise de 2008/2009, com a diferença que, aqui, os bancos vão comprar dívida (com um belo ágio) e vender ao Banco Central, sabe lá deus com que critérios e condições.

O fato é que as despesas públicas não poderão voltar – por isso e pela exigência de investimentos em serviços e obras públicas que não poderá mais ser minguante como vinha e terá de, após uma fase inicial de emissão, de arrecadar, inclusive porque suas receitas ordinárias vão cair.

E, claro, nem pensar em taxar produção e consumo numa economia já em refluxo, querendo recuperar-se de um queda no PIB que pode chegar a seis ou sete por cento e de um desemprego de fato que passará da casa de 20 milhões de pessoas.

Vai ser inevitável a discussão sobre um imposto sobre rendas extraordinárias – falo daquelas superiores a três dígitos mensais, sobre grandes patrimônios (as fortunas), as transmissões de bens e direitos de grande monta uma alíquota alta, mas com parcelas a deduzir, para não gravar os pobres e, finalmente, a volta do pagamento de Imposto de Renda sobre lucros e dividendos empresariais, com “gatilhos” que o evite ou atenue nas atividades microempresariais.

É por isso que não se pode mais pensar na economia pelos parâmetros que, antes, balizavam as discussões convencionais.

Soluções pela via da austeridade e do abandono da população à própria sorte saíram de férias com o coronavírus e dificilmente voltarão à sua sombria plenitude após o recuo do contágio. Afinal, se não podemos permitir que as pessoas morram de fome com uma epidemia, igualmente não podemos permitir que morram assim sem ela.

 

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14 respostas

  1. Sem dúvidas nada hà de se esperar de um governo dos mercaderes.
    O tecago-boy guedes,trabalha 24 hs em favor do seus amigos do “mercado”,mas,não foi o que a maioría escolheu? (ainda desconfío,sou um iludido).
    “Não podemos permitir o calote,perdoar dívidas,ou protelar seu pagamento” este mantra foi repetido por ele numa live com empresários do varejo ,mas,como a massa vai pagar???será que agora eles perceberão que dependem da massa???(mentira,eles sempre souberam).
    E a massa BURRA ,IGNORANTE,ESTÚPIDA (ao ponto de não saber em que ponto está parado na escala económica e mais importante ainda ,na política) FINALMENTE COMPREENDERÁ O PODER QUE TEM????
    Ainda que “pensadores” como Amir Sader,achem isso um cliché,a massa tem que se convencer que —-NADA PODE,NEM DEVE SER COMO ANTES—–( se os imbecis não aprenderem com uma experiência como esta,não aprendem mais)

  2. O coronavírus é apenas um pequeno alerta para o mundo. Imagine se fosse uma doença com a mesma facilidade de transmissão, taxa de mortalidade de 30% e que afetasse todas as idades ?
    Essa pode ser a chance para uma “arrumação” global, porque tudo indica que pode vir coisa bem pior.

  3. O rombo da economia na Europa e nos Estados Unidos vai alterar a balança da egemonia mundial. O mundo pós-corona deverá ser liderado pela China, a Russia e a Índia. Por concidência o que restou do antigo BRICS, que perderá os membros da primeira e da última letra passando a ser apenas CRI. A América do Norte, humilhada será um perigo atômico. Eles vão se lançar à guerra para se tornarem grandes novamente, como aconteceu nas grandes guerras mundiais. Pobre Brasil! Escolheu o lado errado e terá que arcar com a miséria e a condição de satélite de uma ex-potência mundial.

  4. Continuo acreditando que não vão conseguir meios para ajudar os mais pobres, por falta de legislação adequada ou qualquer outra desculpa esfarrapada. Mas os bancos vão ser ajudados e, provavelmente, as grandes lojas de varejo. O resto que se vire!

  5. 1. NO BRASIL já existem impostos sobre HERANÇA (ITCMD 4% em SP) e sobre TRANSMISSÃO (venda) DE BENS, doações (ITBI 4% em SP) ..se as aliquotas são pequenas, ou deveriam ser federalizadas, é outra discussão ..MAS SEMPRE bom lembrar que patrimônio (HERANÇA, fortunas) só se tributa uma vez na morte, fora disso é CONFISCO em vida ..e mais, aqui são impostos difíceis de serem aferidos e recolhidos ..MUITAS FORTUNAS possuem baixa liquidez, são dadas em ações por exemplo, ou estão em imobilizados, em nome de HOLDINGS no exterior, resumindo, no máximo vc vai conseguir catar mais é da classe média que já esta mais do que penalizada pelo consumo.

    2. sobre rendimento dos acionistas, aqui o lucro LIQUIDO distribuído tb já é tributado, na base, na empresa, com o nome de “dividendos”, cujo valor é creditado LIQUIDO pro acionista ..ou incidindo sobre o lucro antes do IR da empresa, sendo que o acionista aqui recolhe IR da sua parcela na fonte (15%), e esse dividendos recebe o nome de Juros Sobre o Capital Próprio (JSCP) ..aqui vale o mesmo raciocínio, a atividade esta desmoronando e o LUCRO DESAPARECENDO pra dar lugar a prejuízos homéricos, então ..corda que muito se estica, uma hora arrebenta ..não parecendo ser este a melhor solução, ainda mais se verificarmos a qdade de empresas SA que no BRASIL costumam distribuir seus resultados, que qdo ocorre, não passa de 5-8% ano (quase poupança) do valor do patrimônio acionário, já que a maioria fica como lucro liquido (tributado) retido.

    AQUI tb FALAM MUITO em tributar bancos ..lembro que o LUCRO do maior banco foi de 28,9 bi em 2019 ..só o programa de RENDA BÁSICA universal do Suplicy, se implementado a todos os brasileiros na razão de R$ 100,00 necessitaria de R$ 250 BILHÕES ano pra ser tocado, qual seja, cerca de NOVE ITAUs ..ou, se na razão de 600,00 por brasileiro (como já chegaram a dizer) necessitaria de 1,5 TRILHÕES ANO ..OU SEJA, tributar mais os bancos não seria solução pra atender as necessidades

    A unica saída viável é o imposto MENOS regressivo já criado no BRASIL, o menos sonegado, mais barato de ser recolhido e aferido, o que pega desde barão a ladrão, a tal CPMF que teria potencial, hoje, pra chegar a 200-250 bi/ano dependendo da aliquota e de eventuais isenções assumidas. (em tempo – e mesmo a CPMF demandaria um tempo pra arrecadar à plena, já que atividade econômica, por um bom tempo, andará devagar, quase parando)

    1. IPTU, ITR e IPVA são exemplos de impostos sobre patrimônio.
      A alíquota efetiva do IRPF que pesa sobre os assalariados é muito maior que os 15% nominais pagos (e muito sonegados) por grandes empresas.
      Nossas alíquotas sobre heranças e doações são ridiculamente baixas, se comparadas com a maioria dos países.
      Tributação sobre movimentações financeiras é extremamente regressiva, penaliza os mais pobres e onera toda a cadeia produtiva em cascata.
      Nosso IRPF poderia ter maior progressividade.
      O crime de sonegação fiscal tem que ser enfrentado com seriedade, pois anualmente ROUBA dos cofres públicos mais de 500 bilhões de reais, em cálculo muito conservador.
      Crime de rico não dá cadeia, dá fortuna.

      1. 1 – No que penso que dá pra chegarmos num acordo

        IPTU tem como base o imóvel, vdd ..ITR é baixo demais no país ..IPVA uma excrescência

        IRPF é MUITO alto pro pequeno assalariado, enquanto pro grande, é BAIXO e pode ser disfarçado em penduricalhos indiretos.

        IRPJ vai muito além dos 15% que vc diz, fora que se soma a ele a C.S.L.L. contribuição social sobre LUCRO LIQUIDO ..evidente que aqui há dvs tipo de empresas, inclusive dvs MICRO e pequenas isentas. (antigos assalariados obrigados a migrar pro tal empreendedorismo, o tal MICO empresário)

        Aliquotas sobre heranças e doações/transferência de patrimonio podem ser baixas, vale uma discussão, inclusive sobre a LIQUIDEZ, afinal, se vc ganhar uma casa e não tiver mais nada, terá que VENDE-LA pra pagar o tributo (e isso acontece aos quilos), e mais, se vc tributar demais, muito patrimônio vai expatriar, sobrando aqui a classe média que já paga um bocado (e não se esqueça tb que esse imposto incide UMA VEZ NA VIDA – morte – portanto, esta longe de dar sustentação a qq programa estruturante e permanente. …no mais, sobre herança, desencana dessa de comparar com OUTRAS NAÇÔES, cada caso é um caso e tem de tudo nesse planeta, fora que tem muito país que se permite da fundação justamente pro barão fugir da tributação. (tipo EUA)

        2 – NO que discordo em gênero, numero e GRAU ..que penso ABSURDAMENTE O CONTRÁRIO de você

        A CPMF nunca foi regressiva, MENTE quem te falou o contrário. Ela pegava a um custo de arrecadação baixíssimo, SEM burocracia, corrupção de fiscais ou sonegação, pegava traficante, bandido, TODAS AS OPERAÇÕES financeiras de ricos (que mais entesouram e reaplicam do que consomem seus ganhos, como vc bem sabe), pegava tb igrejas, e toda a economia informal e ilegal ..prova é que com modestos 0,38% cobrados só na saída, MUITO menos que o ICMS de 25% na conta de LUZ por ex, ela arrecadou em seu ultimo ano 40 BILHÕES, valores que corrigidos pelo IGPdi e acrescidos de 3% aa de crescimento pela bancarização que houve, mais aumento do comercio virtual, poderia chegar a R$ 125 bi hoje em dia.

        3. Sobre se dizer que hj se sonega isso ou aquilo ..desculpe, é CHUTE, pois se se tem tanta certeza, que se vá atrás e que se cobre ..LULA já disse que qdo jovem ia aos debates na FIESP e ao negociar, chegava a CHUTAR dados sociais pra impressionar ..faz parte da negociação, dizia ..e me parece que é isso que muitos “estudiosos” fazem sobre esse tem

        imagine, CPMF regressiva ??!!!!!

  6. Bolsonaro destruiu o pais, ele, seu partido e seus seguidores fanáticos, xiitas. Agora precisamos ter um plano: primeiro a gente tira o Bolsonaro e recupera a confiança na economia, o investidor internacional volta ao pais. Vai ser uma enxurrada de dólares entrando e voltamos a poder viajar a Miami. Depois de voltar da visita ao pais do Pateta, o empresário nacional vai voltar com aquele instinto animal a flor da pele. Colocamos o vice de Bolsonaro na presidência depois daquele processo exemplar e regenerador do impeachment, tudo dentro da lei e da Constituição. Voltamos a reconstruir a Ponte para o futuro, só não vai dar para dizer que vamos copiar a política econômica virtuosa do Macri (não tem problema buscamos algum outro exemplo exemplar). Temos só que combinar com o príncipe da sociologia e sua corte renascentista que para facilitar a tarefa são todos economistas geniais, que criaram o real, e não falham nunca, todos tem phd nas mais prestigiosa Universidades do mundo, todos poliglotas e elegantíissimos. Vai ser uma barbada. Agora vai! Se nada der certo pelo menos a gente tira o PeTê, acaba com a raça deles.

  7. Os Estados Unidos resolvem fácil, põe a impressora de dolares para rodar, aqui como otários que somos compraremos esses dolares falsos a peso de ouro, vida que segue. Ê os babacas com medo dos comunistas. Fazer o quê? Imbecil é imbecil, não é mesmo?

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