Inflação de alimentos é a inflação dos pobres

Álvaro Gribel, que responde pela coluna de Míriam Leitão em O Globo, durante suas férias, publica hoje um gráfico em que se contabiliza a inflação dos alimentos – quase a metade dos gastos das famílias mais pobres – em 12 meses, para chegar-se à inacreditável taxa de 15%. Um pouco mais de alta virá até dezembro, para deixa-la de volta, na virada do calendário, à faixa de 15%, pois sai da conta o inferno da carne de dezembro de 2019, uma pancada maior que a do arroz e feijão nestes dias.

Se sai o inferno da carne, porém, sai também o céu do auxílio e, na prática, perda de renda produz o mesmo que a alta de preços, escassez na mesa dos mais pobres.

Certo que a queda no consumo aliviará a pressão do lado da demanda, mas estamos longe de ter um choque na oferta que garanta que isso seja efetivo, por duas razões.

A primeira, óbvia, o impacto cambial sobre nossos preços internos, que amplia exportações de carnes, de soja e de milho e encarece os produtos vendidos aqui.

A segunda é o quanto os segmentos de serviços serão capazes de reagir, o que fazem fracamente até agora, e deixar, com isso, de ser a âncora que vem sendo na alta de preços em geral.

Nem se fala no imponderável: reajuste dos preços administrados que ficaram represados, inflação de verão nos produtos in natura e possíveis reflexos de algum repique pandêmico, que segura preços mas derruba renda.

 

 

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