Como está evidente há tempos, a liberdade que Lula tivesse alcançado, ontem, com a ordem de soltura emitida pelo desembargador Rogério Favreto seria efêmera como borboleta.
O ex-presidente, mais que qualquer um, sabia disso e falou hoje, aos advogados que o visitaram em sua cela, na Polícia Federal, que sequer deixaria Curitiba, tamanha era a certeza de que seria logo revogada a decisão.
Sua prisão é política e não vai ser uma decisão técnica que irá libertá-lo, mas as força política de sua liderança, que três meses de reclusão não conseguiram abalar.
Talvez, aliás, ele seja o menos abalado psicologicamente com toda esta confusão, até porque sabe que a situação está ficando insustentável para seus algozes.
Puderam prendê-lo, é certo, mas não conseguiram quem o substituísse no papel de encarnar esperanças e nem mesmo conseguiram debelar a crise em que o país está enfiado.
Sabe, também que o martírio não se constrói com horas ou dias, muito menos com atos de compaixão ou dignidade humana por parte dos seus captores.
Mas que o arbítrio, a crueldade e o ódio incontido com que o tratam a cada dia dissolve a montanha de mentiras da mídia e aumenta a sua estatura.
Como dizia Leonel Brizola, ser como pão de ló, que mais cresce quanto mais lhe batem.
Da escaramuça de ontem, não poderia esperar mais do que teve: uma evidenciação monstruosa do ódio e da parcialidade dos que o condenaram, que desmoraliza-os diante do mais simples e comum senso de justiça.
Lula tem a perfeita compreensão que não está preso por causa de um apartamento, ou um sítio ou lá o que seja senão a “causa” de não deixá-lo voltar a presidir o país.
O que ele não quis, quando podia, nas eleições de 2014. Mas que agora quer como nunca, porque sabe que é neste altar e não na masmorra fria de Curitiba, que terá de imolar seus anos finais de vida em nome do Brasil e do povo brasileiro.