“Lula Livre” unifica o 1° de Maio. Por Vagner Freitas, da CUT

maiolula

Artigo do presidente nacional da Central Única dos Trabalhadores, Vagner Freitas, na Folha de S. Paulo:

Três fatos unificam as sete maiores centrais sindicais do Brasil neste 1º de Maio: a crise econômica, política e social que tomou conta do país desde o golpe de Estado; a prisão do ex-presidente Lula, em mais uma tentativa de o tornar inelegível e impedir sua vitória nas urnas nas eleições deste ano; e a violência, estimulada pelas crises econômica e política. Os fatos mostram isso.

A taxa de desemprego alcançou escandalosos 13,1% no primeiro trimestre de 2018, o que equivale a 13,7 milhões de homens e mulheres sem recursos nem sequer para as despesas básicas. Em 2017, 12,3 milhões de lares usaram lenha ou carvão para cozinhar —1,2 milhão deixaram de usar gás de cozinha só no ano passado por causa dos reajustes do botijão, que acumula alta de mais de 16% no ano, descontada a inflação. 

Por outro lado, os 10% mais ricos se apropriaram de 43% da renda total do país, enquanto que os 10% mais pobres ficaram com míseros 0,8% da renda nacional.

Esses dados, divulgados no mês de abril pelo IBGE, um instituto público da administração federal, refletem o triste retrato do nosso país, dirigido por um governo ilegítimo que deu um golpe parlamentar, com amplo apoio da mídia, dos empresários, do capital financeiro e de parte do Judiciário.

Um golpe que tinha exatamente esse objetivo: retirar os direitos da CLT, acabar com a Previdência Social, aumentar a exclusão social, criar um exército de desempregados, rebaixar salários e acabar com as políticas públicas que possibilitaram crescimento e desenvolvimento sustentável com distribuição de renda e justiça social. Além de atentar contra a soberania nacional, entregando o patrimônio público das estatais para as grandes multinacionais.

Mais do que lamentar o retrocesso dos últimos dois anos, é preciso reafirmar e resgatar a capacidade de resistência e de luta da classe trabalhadora, que impediu a reforma da Previdência, e construir uma agenda em torno da recuperação da democracia e dos direitos sociais e trabalhistas.

Essa agenda passa pela valorização dos salários; pela ampliação das políticas sociais e da economia solidária; por uma reforma tributária que desonere trabalhadores e classe média e taxe os mais ricos e o capital especulativo; pela retomada da capacidade de investimento do Estado em tecnologia, educação e saúde; reforma agrária; e pela agricultura familiar, em especial a agroecologia, para garantir alimentos mais baratos a toda população.

Destaco, ainda, a criação de um pacto nacional pela paz e contra a violência, com intervenção social nas comunidades e resgate da nossa juventude.

Essa agenda está associada também à defesa da democracia e do restabelecimento do Estado de Direito. Por isso, defendemos e nos solidarizamos com o ex-presidente Lula, que foi preso injustamente porque tem compromisso com a retomada desse programa que inclui a grande maioria do povo brasileiro e é a única liderança política com capacidade de implementá-lo, colocando o Brasil em um outro patamar de desenvolvimento.

É exatamente porque ele tem esse compromisso com o povo e lidera todas as pesquisas de intenção de votos para as eleições presidenciais que querem impedi-lo de disputar, mesmo que tenham de desrespeitar a Constituição, que assegura a presunção da inocência e que ninguém pode ser preso antes que todos os recursos sejam julgados. 

Vamos mobilizar nossas bases para debater essa agenda, defender a inocência de Lula, seu direito de concorrer e também para eleger parlamentares comprometidos com os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras e com o desenvolvimento com inclusão e justiça social.

E o 1º de Maio unificado é só um dos passos. Atos de violência e tiros não nos intimidarão.

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12 respostas

  1. Meio caminho andado para chegar a lugar algum é criar uma agenda cheia de propostas em vez de simplesmente adotar um lema simples: Abaixo a ditadura – Lula livre! Sem derrubar a ditadura que se instalou, não se vai obter nada do que se pretende da tal agenda. Estão iludidos com o fim da tentativa de reforma da previdência. A coisa foi apenas colocada em estado de animação suspensa. Passadas as eleições (se houverem), “eles” passarão com rolo compressor e muita grana por cima do congresso e vão aprovar a reforma.

  2. Terrível incêndio em SP,falta de moradia é a causa.
    O POVO MAIS UMA VEZ A VÍTIMA DAS POLÍTICAS EXCLUDENTES DOS PODEROSOS,ATÉ QUANDO ??????
    A elite safada tentará involucrar o Boulos, aguardem.
    Eles não têm limites

  3. Era uma vez, ou ” Nunca na história deste país”, um trabalhador de origem pobre se revelou o maior personagem da história do Brasil. Um trabalhador de origem pobre chegou a presidente da república e a dignificou como nunca.
    Sua ousadia foi demais.
    Em primeiro de maio de 2018, ele está preso.
    Nunca um dia do trabalhador foi tão Dia do Trabalhador.

  4. Não esqueçamos que em 2016, Paulinho da Força & Outros Pelegos, se reuniam no Jaburu para declarar apoio à Temer.
    Hoje estão em Curitiba declarando apoio à Lula.

    Já amanhã, podem não estar mais, por qualquer 30 moedas …

    1. O que interessa é hoje. Sempre critiquei a divisão da esquerda porque fortalecia os exploradores do povo. Todos devem se unir contra o inimigo comum que é a direita. É bom lembra que durante a segunda guerra mundial, os países capitalistas se uniram à União Soviética para derrotar um inimigo catastrófico.

  5. Precisamos focar na eleição para o parlamento.

    É preciso reduzir a força da bancada ruralista e evangélica.

    Necessitamos aumentar bastante a bancada que defenda os trabalhadores.

    Evidentemente que devemos tomar cuidado com sujeitos como Paulinho da Fraude Sindical.

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