Diferente do que ocorreu no Ministério da Saúde, o critério para substituir Sergio Moro no Ministério da Justiça não foi apenas o de ser alguém opaco, sem luz própria.
Mandetta havia feito a sua, com a pandemia, como Moro a fizera, com a Lava Jato.
André Mendonça era o famous who até ser citado como alguém “terrivelmente evangélico” por Jair Bolsonaro e que isso seria um dado de notório saber jurídico a justificar sua indicação para o Supremo, na vaga que, então, era dada como quase certa para o ex-juiz do Paraná.
Mas, se não tem brilho reconhecido, tem carreira profissional ao menos aparentemente dissociada do bolsonarismo, ainda que o viesse servindo, funcionalmente.
A escolha de Mendonça tem o mesmo sentido político da aproximação de Bolsonaro com integrantes do chamado “Centrão”. Neste caso, um aceno para a conversa com o presidente do STF, José Antonio Dias Toffoli. de quem o novo ministro é próximo há décadas.
Diz-se que foi Toffoli quem o indicou a Michel Temer para chefiar a AGU, onde foi mantido pelo ex-capitão por igual pedido do presidente do STF.
A escolha do inexpressivo Jorge Oliveira, muito próximo pessoalmente ao clã bolsonarista, seria, acender todas as luzes sobre quaisquer cochichos destes que “resolvem coisas” no tribunais.
Aliás, já eram tantas as reações que a decisão tomada à noite por Celso de Mello em mandar-se abrir um inquérito sobre as acusações de Sergio Moro – feitiço que pode se virar contra o feiticeiro – pode ter sido decisiva na opção por Mendonça.
Nem tão independente que não ser meu, nem tão sabujo que se desqualifique, seria a fórmula, numa paráfrase do famoso dito de Pinheiro Machado.