Morales chega a vitória irreversível, com 47,1% dos votos

A regra é clara: ganha quem fizer 50% + 1 dos votos ou, conseguindo mais de 40%, abra uma vantagem de 10% sobre o segundo colocado.

E, portanto, Evo Morales ganhou as eleições presidenciais na Bolívia, a menos que se aponte onde e quais urnas possam ter sido fraudadas.

Se ele ganhou o direito na Justiça de candidatar-se outra vez, é outra questão, diferente da do voto que lhe foi dado.

Tanto que seus adversários aceitaram participar da disputa.

Quanto à higidez do processo eleitoral, os bolsonaristas daqui deveriam ser os primeiros a reconhecê-la, porque a eleição boliviana é cédula e só por isso se pôde dispensar os resultados por transmissão eletrônica e contar, um a um, os pouco mais de 6 milhões e 450 mil votos dados no país e no exterior.

Imaginem o que seria uma eleição aqui com um resultado que se definisse, como lá, por uma pequeníssima fração de voto.

Que deram a Evo Morales cerca de 650 mil eleitores a mais que seu principal adversário, Carlos de Mesa. 47, 07% contra 36, 52% – 10, 55% de vantagem, o que deve aumentar ainda um décimo ou dois, nas 44 urnas que restam a apurar e com as quatro que foram anuladas e onde os eleitores voltarão a votar. Quase nada, no total de 34.555 urnas do pleito.

Lembrem-se que, na maré de direita que assolou o subcontinente e, agora, parece ter começado sua vazante, Evo Morales ficou quase sozinho, no país mais pobre da América do Sul.

Sua situação política, mesmo com a vitória, é delicada. A classe média que afluiu com os governos Morales, como por aqui, em boa parte se passou para a direita.

Salvaram sua eleição os pobres, os que menos ganham, mas que mais dão valor ao que conquistam: não foram raras, nas vilas mais miseráveis, percentagens de votos de 70, 80 e até mais de 90% para Evo.

Esta gente, traída por séculos por sua elite, reconheceu um dos seus, mesmo que ele não pudesse lhe dar tudo e nem mesmo o que merece.

Mas uma coisa que sempre lhe deram, ele não deu: o esquecimento.

 

 

 

 

 

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10 respostas

  1. Disse bem o Brito, essa gente latino-americana traída miseravelmente por sua elite por séculos. Por último, os traidores apelaram para as mais inacreditáveis sujeiras políticas, para se manter desfrutando sozinhos as riquezas que deveriam ser desfrutadas por todos. Está cada vez mais difícil para esta elite engendrar mentiras, subterfúgios e inacreditáveis armações, para chegar ao poder. No Brasil, foram ao fundo do poço da enganação e do crime eleitoral, para roubarem a presidência que deveria estar nas mãos do povo, através dos partidos progressistas. Mas as enganações estão chegando ao fim. Pela democracia, o povo no poder vai transformar o continente e superar a história triste da América Latina

  2. Irretocável o comentário do Brito neste post. E preparem-se para mais uma campanha de guerra híbrida acompanhada pelas palhaçadas de uma direita mimada, golpista, neocolonial, racista, entreguista e anti-povo.

  3. Fico feliz que finalmente alguns blogs da resistência democrática, como este ótimo Tijolaço e também o Nassif, começam a olhar para a América Latina. Antes de ser preso, Lula só aparecia em público com o terno andino que ganhara de Evo Morales. Me parece que a mensagem de Lula era clara: o golpe contra a Dilma não é um problema particular do Brasil e para reverter a situação será necessária uma maior com integração regional. Incomodei-me bastante com a falta de discussão sobre as eleições de Honduras e do Paraguai no ano passado. Justamente os dois países que serviram de “laboratório” para o que se fez ao Brasil, não mereceram muita atenção dos jornalistas e dos intelectuais brasileiros. Parece que o agravamento da situação no Brasil, assim como outrora as experiências de exílio, obrigam o Brasil a tomar ciência de seus vizinhos.

  4. Por aqui, áudio vazado do A?cio cheirador onde ele afirmava que questionou a vitória da Dilma no TSE “só para encher o saco”, e ficou por isso mesmo, nenhuma investigação por litigância de má fé.

  5. Os mais pobres continuaram votando em Morales poque não foram robotizados por essa praga de igrejas pentecostais que todo dia crescem no nosso pais , idiotizando mais o povo , que elegem seus pastores picaretas que os sugam com falsas promessas. Vejam nossa Câmara; repleta de pastores e policiais. Esses, são a expressão máxima do extremismo de direita e sem conteúdo. Como a classe média, no geral é imbecilizada, segue essa onda.

  6. Disse bem o Brito, essa gente latino-americana traída miseravelmente por sua elite por séculos. Por último, os traidores apelaram para as mais inacreditáveis sujeiras políticas, para se manterem desfrutando sozinhos as riquezas que deveriam ser desfrutadas por todos. Está cada vez mais difícil para esta elite engendrar mentiras, subterfúgios e inacreditáveis armações, para chegar ao poder. No Brasil, foram ao fundo do poço da enganação e do crime eleitoral, para roubarem a presidência que deveria estar nas mãos do povo, através dos partidos progressistas. Mas as enganações estão chegando ao fim. Pela democracia, o povo no poder vai transformar o continente e superar a história triste da América Latina

  7. Caro Fernando, nao entendi essa explicacao, voce poderia explicar de uma forma mais facil de entender, por favor?
    “Que deram a Evo Morales cerca de 650 mil eleitores a mais que seu principal adversário, Carlos de Mesa. 47, 07% contra 36, 52% – 10, 55% de vantagem, “

  8. Nunca é bom para democracia alguma a permanência de alguém por tanto tempo no poder. É nocivo e não abre espaço para o diferente e para o diálogo.
    Quero estar errado, mas isso abre caminho para uma ” mugabização ” ( ROBERT MUGABE ) da Bolívia.

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