O homem que tentou nos deixar sem Barata

encampa

32 anos, tempo suficiente para a maioria nem sequer se lembrar mais.

Eu lembro.

A ação foi surpreendente e nem mesmo eu, na Assessoria de Imprensa do Governo, sabia dela, dentro da minha prática de anos a fio no relacionamento entre Brizola e os jornalistas, que me valia a confiança de ambos os lados: “se eu não puder confirmar uma informação, não me dê, porque eu não vou mentir”.

Apenas recebi um aviso para chegar muito cedo no Palácio Guanabara, e a operação começou mesmo cedo, com os interventores chegando de surpresa nas garagens, para não deixar que se suspendessem os  serviços de ônibus e a região metropolitana entrasse em caos.

Como havia ficado, poucos dias antes, quando os empresários de ônibus, além de interferirem na eleição com dinheiro, como sempre fizeram, preferiram também a “ação direta”, fazendo parar de circularem as linhas que serviam à Zona Oeste do Rio, onde o brizolismo era uma imensa força, para, assim, tentarem evitar a eleição de Roberto Saturnino Braga à prefeitura do Rio.

No momento de inventariar os bens das empresas, surgiram os carros de luxo, as lanchas e até aviões particulares, comprados com o dinheiro amealhado dos passageiros de ônibus caros, sujos e irregulares.

Não é preciso dizer que, um ano depois, Moreira Franco, o Angorá, devolveu tudo aos empresários, com um pedido de desculpas,  porque o poder público, agora, era dos homens da “livre iniciativa”.

Nem por isso Brizola se livrou da intriga e, anos atrás, surgiu uma “onda” dizendo que os empresários de ônibus, o mesmos de quem ele tirou as empresas, em nome do bem público, o financiavam.

Não foi a única nem a maior injustiça calhorda que a ele fizeram.

Mas os fatos, os fatos é que fazem a verdade.

E no dia em que se prende, com seus milhões, Jacob Barata, o maior símbolo desta camada de concessionários de ônibus que enriqueceu e esbanja, como no casamento de uma filha que a colunista social Hildegard Angel comparou a Paris de Maria Antonieta, não posso deixar de lembrar que, um dia, houve um político que resolveu dedetizar os transportes públicos.

Onde, infelizmente, não há apenas um Barata.

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12 respostas

  1. Isso está no nosso’ DNA” estamos passando nesses momentos o País, a limpo, não por conta da lava jato,nem pelo, mas parece que tudo isso tem que acontecer para o novo surgir, parte da população aquelas que já acordaram ,vão da suas resposta nas urnas,se não roubaram também.

  2. Não podemos nunca esquecer,que tudo está acontecendo; graças a LULA e Dilma, que deram liberdade para o MP e a PR agirem.

  3. Infelizmente temos hoje em dia os homens que nos transformam em BANANAS.Aécio,fhc, grandes, marinhos,assads e muitos empresários golpistas temerosos.

  4. Os atuais e antigos empresários e políticos pensam que podem nos fazer de baratas tontas mas nós mais uma vez os deixaremos com os burros n’agua. Elevararemos o tom em 2018 e bradaremos em alto e bom som: Fora direita perversa. Fora partidos do mal. De preferência Lula, mas serve, caso impossível, qualquer um por ele apoiado. Como diz Messias, Hasta la Victoria sempre!

  5. Sem contar o crime inafiançável que é ter ônibus sem ar condicionado no Norte,Nordeste,Rio de Janeiro,Minas Gerais,Espírito Santo,Mato Grosso e Goiás.

    Sem contar também que quem paga conta de luz no Brasil praticamente são essas regiões e estados citados devido a necessidade de uso de ar condicionado para poder ter um pouco de conforto.

    Semana passada um amigo de São Paulo me disse que”pagou”97,00 reais de luz mês passado e eu no meu estado por causa do uso do ar 1.056,00 reais.

    Isso é mais um crime no crime das desigualdades regionais.

  6. Homens públicos como Leonel Brizola acabaram, políticos como Ulisses Guimarães, Eduardo Suplicy, Pedro Simon e alguns outros, independente da ideologia partidária, política é rica justamente pelas diferenças, alguém pensar diferente de mim não o torna um imbecil, nunca acreditei em donos da verdade (o que mais existe hoje em dia). O mundo está chato, visão plural virou raridade e políticos sérios (concordemos ou não com o que pensam, mas que pensam em algo além de roubar o erário) cada vez mais extintos.
    Uma das melhores coisas do Tijolaço é ler sobre Brizola, a coluna sobre a construção do Sambódromo eu imprimi e guardei, uma pérola…………..fruto de um passado distante que não mais voltará.

  7. Todo transporte coletivo deveria ser uma empresa pública.
    O que é público tem que ser público.
    Essa turma de concessionários de transporte coletivo é mais um
    exemplo da república de parasitas.

  8. Este cidadão desinformado tem o nome (ou apelido) que merece: JUCA. Poderia ser MANÉ, mas juca tá de bom tamanho para ele.

  9. Brizola foi tenazmente perseguido pelo Bob Little Sea , o Carrasco de LEONEL. As frases e ordens do Bedel dos estuniAmerica deixam claramente a quem servia tal roedor de navio pestilento. O baiano que falou da fuga não deve ser considerado apto. Ele segue o que os magalhães mandam . Ele deve achar bonitinho o apelido de : Toninho Malvadeza ; não importando se é explorado, enganado, vilipendiado , humilhado, ameaçado e feito de bobo. Deve ser mais que gosta de sofrer com alegria, é um … !

  10. Contra essas “livre ini$$iativa$” gatunas de angorás, só mesmo doses maiores de transparência, orçamento participativo e democracia direta – que
    é tudo de que eles não querem nem ouvir falar

  11. Reza a “lenda” (que não é tão lenda assim, para quem viveu na Cidade Maravilhosa durante os idos de 80), que Jacob Barata chegou a colocar capangas armados para acompanhar suas linhas de ônibus de modo que, dessem porrada em qualquer criança que tentasse entrar pela janela.

    Em especial, nas linhas que levavam à Orla da Zona Sul da cidade, que iam apinhadas de gente (o transporte rodoviário era praticamente o único modal que tínhamos, àquela altura).

    Sem contar os casos e mais casos de mortes encomendadas pelo dito cujo, aos seus desafetos. Obviamente que, jamais investigados.

  12. Também me lembro ! Lembro principalmente como uma certa esquerda carioca desqulificava a encampação e fazia coro com aqueles- sempre os mesmo!- que, para desligitimar aquele enfrentamento político lançavam calunias contra Brandão Monteiro e, claro, Brizola. Toda a midia estava contra, defendiam a tal da propriedade privada das quadrilhas que dominavam- e ainda dominam- o transporte público no Rio de Janeiro. Como se os baratas fossem donos e não apenas consessionários de um serviço público. Ai veio Moreira, com todo apoio da midia e de muita gente da esquerda anti brizolista, e deu no que deu. Destruiu os brizolões, devolveu aos baratas ” o que lhes pertencia” e destruiu todas as conquistas do período anterior. Quando Brizola voltou todas as batarias estavam azeitadas contra ele. Era uma verdadeira caçada. Hoje mesmo aqueles que naqueles tempos se perfilavam contra ele são obrigados a reconhecer que o velho foi grande na sua utopia.

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