O papel de vítima de Bolsonaro vai ficar gasto

Jair Bolsonaro pode ter problemas intestinais, mas está muito bem em seus métodos delirantes de definir seu comportamento.

Já está evidente, pelas publicações do próprio presidente, ser mais que duvidosa a gravidade de seu problema de saúde, ao ponto de exigir uma transferência aérea às pressas para um hospital de São Paulo.

Insuficiente para fazê-lo mártir, a temporada hospitalar, serviu para aliviar as obstruções institucionais a que soluços e espasmos autoritários.

Deu-lhe um atestado médico para adiar o encontro necessariamente moderado com os presidentes do STF, do Senado e da Câmara que, agora, quando se realizar, terá de ter a deferência que se deve a um convalescente, ainda que só falte ao convalescente fazer flexões de braço, com seu “histórico de atleta”.

Poupa-o de dar respostas desaforadas diante da promiscuidade revelada nas negociações das vacinas, de seu “centrão” ter quase triplicado o fundo eleitoral, de sucessivas revelações e incompetências das propostas improvisadas e irresponsáveis de tributação e de privatizações às pressas que, ao menos, ficaram para após o recesso parlamentar.

No mais, como não há projetos de recuperação da economia, o que corre por conta apenas das manobras especulativas do capital financeiro e a até aqui maré montante das exportações de commodities, pode-se dizer que Jair Bolsonaro não tem obrigações de governo, exceto as de administrar a gula de sua base parlamentar, para o que a internação contribui, também, para ganhar tempo.

O presidente está gastando, antes da hora, seu papel de vítima.

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