O “pessoalzinho” vira multidão

Quem receava que pudessem perder o fôlego as manifestações contra os cortes na Educação , depois do “tsunami” da última quarta-feira, pode se tranquilizar.

Jair Bolsonaro tem dado reiteradas mostra de que continuará a “convocar” para a rua não apenas as insatisfações expressas, mas também as latentes contra seu governo.

Chamá-los de “idotas”, como se viu, em poucas horas – da manhã de quarta-feira ao meio da tarde – elevou o rio de irritações de maneira impressionante. Agora, com dez dias de antecedência, para ele, são o ‘pessoalzinho que cortei verbas aí’, como declarou ontem à noite, no Palácio da Alvorada,  dizendo que “a molecada” nem sabia o que estava fazendo em meios aos protestos.

Quanto mais o presidente transforma o caso numa briga de porta de colégio, mais juntará gente.

Aliás, é o que faz insuflando “a sua galera” para os atos do próximo domingo, em relação aos quais delira achando que “as massas” mostrarão nas ruas o apoio a sua cruzada de vandalismo orçamentário às universidades.

Não vai produzir, é claro, senão um espetáculo de apelos bizarros ao autoritarismo, faixas pedindo a volta da Era Paleozóica e repulsa em quem ainda conserva algum pudor democrático.

O governo Bolsonaro segurá reunindo gente e motivos para lotar ruas.

O “pessoalzinho que cortei verbas aí”, progressivamente, será ampliado com aposentados, trabalhadores na iminência de perderem este direito, a gente acossada pelas dificuldades financeiras de uma crise que só se agrava. E que, com a destruição da política, subitamente encontrou um meio de se manifestar.

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19 respostas

  1. Se tentarem encontrar outra solução que não seja a posse líquida e certa do vice-presidente General Mourão, isso não deverá ser considerado apenas como um simples golpe de Estado. Com certeza será compreendido por todos como uma bofetada no próprio Exército e nos militares. Parlamentarismo uma ova. Rodrigo Maia uma ova.

  2. Sem contar que ele acaba de admitir que é corte mesmo e nao aquela falácia de contigenciamento.

  3. E o local de se manifestar são as ruas (não são as mal denominadas redes sociais), assim como as instituições (partidos, parlamentos, etc) são os canais através dos quais essa insatisfação deve ser canalizada. Retomemos o país e suas instituições que foram capturadas pelos golpistas.

  4. Não dá para acreditar em novas eleições, como reza a Constituição, com a defenestração do ex-capitão. Mas se tentarem encontrar outra solução ainda mais democraticamente invasiva que uma posse do vice, outra solução meia-boca para garantir ao mercado a continuidade de parte da loucura bolsonariana, outra solução que não seja a posse líquida e certa do vice-presidente General Mourão, isso não deverá ser considerado apenas como um simples golpe de Estado. Com certeza será compreendido por todos como uma bofetada no próprio Exército e nos militares. O General deverá elaborar um novo programa emergencial diante da crise, e este programa deverá ser fruto de conversações democráticas com todas as forças políticas do país. É isto que a gravidade da situação exige. Parlamentarismo uma ova. Rodrigo Maia uma ova.

    1. Para mim, escolher entre Maia e Mourão é estar entre a cruz e a espada. “Pai, afasta de mim esse cálice”.

        1. Claro que as ruas devem se concentrar em pedir que Bolsonaro se vá. Mas pedir por “eleições diretas já” antes do impeachment da Dilma esvaziou as forças de esquerda com uma bandeira inútil que dava a impressão de que a esquerda queria uma solução fora da Constituição. O que devemos pedir é respeito à Constituição e que Bolsonaro se vá, mas que se vá com seu pacote completo. Que não fiquem nem o juiz, nem o corretor, e nem alguma solução meia-boca feita às pressas para tentar segurar o freguês até que os bandidos completem o arrastão.

          1. Não existe solução pelo “meio”, através de Mourão, que não seja uma aceitação tácita do que o mercado espera para emplacar de vez a agenda ultra liberal que anda, com Bozo e sua família, cambaleante.

            Sem contar a ideologização e desarticulação excessiva de tudo o mais, que acaba puxando a agenda econômica (aquilo que realmente importa para o que resta de empresariado nacional) para o mesmo buraco negro gerado pela instabilidade política.

            O veto à intervenção militar no país vizinho, não quer dizer que os militares sejam mais razoáveis, politicamente . São mais pragmáticos.

            Não temos vetores (armas e equipamentos) bélicos em quantidade e qualidade tecnológica o suficiente, para suportar uma semana de guerra por procuração.

            Menos ainda, condições econômicas para tal.

            Fosse outro o cenário, não garanto que teríamos tanta serenidade assim, desse grupo de generais saudosistas da ditadura.

      1. Maia é a meia sola do projeto que berra pelo dinheiro da Reforma da Previdência, e depois de efetivá-lo, será apenas a acomodação política dos interesses da elite. Além de que sua ascensão implicaria na extirpação do poder executivo. Mourão falou muita coisa neoliberal, e muita coisa politicamente errada e incorreta, mas isso pode ser da boca para fora. Ele, mesmo que pareça, não é um economista doutrinário com ideias irremediavelmente arraigadas. Ele vê o neoliberalismo como um meio e não como um fim em si, que é a visão de gente como o Guedes. Se ele vê como um meio, o fim é que interessa de fato. E o fim pode sugerir mudança de caminho. O Olavo de Carvalho, que planeja destruir o Brasil, considera o Mourão seu maior inimigo. Isso, desde o dia em que ele vetou a solução de intervenção militar na Venezuela, em célebre reunião do tal “Grupo de Lima”, quando até o vice-presidente dos EUA, presente à reunião, esperava sair dali já com a licença para autorizar o ataque militar . Maia, se estivesse na mesma reunião, votaria contra o ataque? Claro que não.

          1. Não confio nem um pouco. Não confio em Mourão nem um pouquinho que seja. Mas estamos encalacrados. E pelo menos há nele algo de imprevisível, além dele ter tomado posição desafiadora diante do Império, na hora certa. Já a outra opção é inteiramente previsível e absolutamente desastrosa.

    2. Não sei de onde tiraram que o vice-presidente, general Hamilton “exemplo de embranquecimento da raça” Mourão, irá constituir um governo de coalizão entre as forças populares e econômicas, diante de um eventual impeachment de Bozo.

      Aliás, não sei de onde tiraram que, o “bando de maluco”, vá colocar a mão na consciência sobre sua incapacidade política e mental de governar um país e renunciar.

      Caso o ex-capitão caia, o vice vai compor com Maia e os demais militares, um rolo compressor de MP’s e PEC’s para finalizar com tudo o que passava por grandes dificuldades de articulação nas mãos do clã Bolsonaro:

      Desde privatizações na bacia das almas, até a própria Reforma da previdência. Incluindo aí, outro sonho de consumo do empresariado, a tal carteira trabalhista verde e amarela.

      Se Bolsonaro não cair (o que é mais provável, dada a ainda grande concentração de apoiadores entre a classe média e o judiciário), serão mais 3 anos e meio de mandato com mentidos e desmentidos, twittadas mal-educadas e decisões destrutivas de governo. Porém, com a Reforma (ou reformas) já devidamente tramitadas e aprovadas pelo nosso primeiro-ministro de fato, Rodrigo “Botafogo” Maia.

  5. 1) “… “a molecada” nem sabia o que estava fazendo em meios aos protestos”. Isto é uma bobagem. Na verdade, o importante é participar, o resto vem com o tempo em decorrência da própria participação, do debate e do estudo. A primeira vez, em que fui a uma assembleia do sindicato o tema era dissídio coletivo. Eu não fazia a mínima ideia do que se tratava. Mas foi o pontapé inicial para o surgimento de uma consciência política;
    2) Essa manifestação do dia 26 corre o risco de repetir o pedido do Collor para que o povo usasse uma fita na camisa (não lembro a cor) e o pessoal terminou colocando o preto de luto

  6. A única saída capaz de reverter o rumo tomado pela história bolsomaniaca é reconhecer a fraude eleitoral de 2018 e realizar uma nova eleição. Seria ideal até par o parlamento. Mas é mais difícil. Então já serve para presidente

  7. Ainda assim,corre-se o RISCO DE UM GOLPE DE ESTADO,pelos militares,que usam as manifestsções das massas,como motivos para GOLPEAR.Não vamos nos iludir,O BÓSTA-ONARO,não está só.Tem muita BÓSCIDADÃO POR AI.

  8. Nada é mais Bolsonaro do que recusar alguns, que são na verdade a maioria, e abraçar uns que acabam cada vez mais, sendo menos. Chamar de pessoalzinho professores, alunos, pais e brasileiros é ultrajante.

    Já houve na história muita coisa. Não sei se houve um governante que tivesse nojo e que pensasse tão negativamente de seus governados. O bom é que há, cada vez mais, menos governados.

    Prova disso é o Bolsonaro tirando foto com uma turma de um dos colégios mais caros desse país, com uma mensalidade de mais de 3000 reais, como se ali tivesse o retrato do seu povo. Não está!

    Ninguém tem culpa de ser quem é. Todos tem culpa do que é. Alguns alunos se recusaram a sair na foto – os parabenizo -, outros fizeram o L com a mão – os parabenizo também! – um em específico respondeu a uma pergunta do bolsonaro que não eram lixos, que estudavam de verdade.

    Dia 30 a aula vai ser na rua. A lição estará lá, a nota também. Assim como quem estudou e entende o que está acontecendo. Que não passará de ano!

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