O problema não é o ‘plano B’, é a ‘realidade F’, de Fome

O Brasil onde a economia está “voltando bem forte”, vendido pelo presidente da República em sua turística passagem pela Itália é um país que só existe no discurso de gente que não tem coração.

No mesmo momento em que isso era dito, a BBC publicava uma longa e triste reportagem de Letícia Maia, em Fortaleza, que descreve a saga de Sandra Freitas, uma mulher de 57, castigada pela vida, ao postar-se, de madrugada, à espera de revirar um caminhão de lixo atrás do que comer:

Acordo às 4 horas da manhã todos os dias, pego o meu carrinho de mão e venho esperar o caminhão do lixo nesse mesmo ponto, perto da Comunidade dos Trilhos, onde moro. Agora, não tem mais horário certo para passar. Às vezes, passa de madrugada. Outras vezes, lá pelo meio-dia. Vivo essa incerteza. Tem dias em que eu chego e já tinha passado”.

É o outro lugar, real, mas invisível aos olhos do presidente, o que não impede que as imagens da realidade corram mundo.

Inclusive na Itália, onde o cibo nella spazzatura, o comida no lixo, já se estampou nos jornais com as fotos da catação de carcaças de franco, rejeitadas pelos mercados e vitais para os miseráveis.

Disse de lá Bolsonaro que tem um “plano B”, um “paraquedas de reserva” para o caso da PEC dos Precatórios , o que todos imaginam ser a decretação de um estado de calamidade, como no pior período da Covid, que dotasse o governo de um Orçamento paralelo, livre para gastar.

É claro que a resposta a isso será mais inflação, mais retração dos investimentos, mais desvalorização cambial e tudo o que impede a economia de “voltar forte”.

 

 

 

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