Pesquisa: “ele, não” cresce, mas a direita segue com Bolsonaro

Há uma leitura evidente nos dados de cada região do país sobre a aprovação do Governo na pesquisa XP-Ipespe – que achei demasiado gentis com Jair Bolsnaro, aliás -, publicados hoje por Guilherme Aamado, na Época (veja os números no gráfico interativo ao final do post).

A frase pode ser simples assim: dobrou a rejeição do Presidente desde que ele tomou posse, em janeiro.

Sim, é possível a leitura, também verdadeira, de que ele manteve sua base de apoio com erosão relativamente pequena diante do desastre que é.

Mas o “ele não” que se frustrou na campanha, seja pela comoção criada com o ataque a faca de Juiz de Fora, seja com a exploração do antipetismo, desta vez, parece estar se formando numa “onda” crescente.

Vejam: Bolsonaro tinha uma avaliação de “ruim ou péssimo” nacional de 20%, em janeiro. Agora, são 38%. Verdade que não perdeu áulicos na mesma proporção que construiu inimigos: o apoio baixou de 40% para 33%.

Mas, se tomado por região, vê-se o atual presidente perdeu toda a terra de ninguém (a parcela que respondia “não sei” nas primeiras pesquisas); perdeu na sua praça forte na região Sul (onde cai sua aprovação de 47% para 37%) e não só deixou de conquistar como aniquilou-se no território “inimigo”, o Nordeste, que torna viável uma candidatura de esquerda, pois lá viu sua rejeição chegar a 53%, dobrando os 26% de janeiro.

No Sudeste, onde a piora de sua situação é mais leve (a aprovação se mantém, na margem de erro, embora a rejeição se amplie de 22% para 33%) a equação de Bolsonaro depende do que parece mais difícil a cada dia: manter-se como hegemônico no campo da direita.

Isso, repito, com os dados da pesquisa, porque a sensibilidade aponta um crescimento da rejeição nos grandes centros urbanos (que pesam, sobretudo, no Rio e em São Paulo) os números do levantamento parecem não expressar.

Nos próximos dias sairão nova pesquisas e teremos um quadro mais bem desenhado. Mas o que está ficando claro é que Bolsonaro perde menos apoiadores do que ganha de adversários.

Isso é um sinal terrível para Doria e para todos os que tentam se insinuar como dissidência do campo conservador.

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19 respostas

    1. Se quem hoje apoia o governo Doria por dentro se afastar dele por ser apaixonado pelo bozo ele nao tera chance

  1. A minissérie A Família (Netflix) permite compreender a situação atual dos EUA e, por tabela, do brazil. É preciso encontrar formas de derrotar a direita evangélica fundamentalista e oportunista.

    1. A estrategia é simples. 10% de zero é nada. Quando as lojas que o irmão abriu e vende normalmente começar a diminuir o movimento diminui o dizimo. O pastor vai querer mais e o cara se der vai a falencia. Se nao der pode continuar protestante mas sem igreja… Esse numero ta crescendo…

    2. Também assisti e acho que é fundamental para se entender não apenas o que acontece no Brasil, mas em todo o mundo. Pode parecer maluco e até desrespeitoso, mas devemos combater esse jesus que os evangélicos apresentam como justificativa para que suas lideranças alcancem o poder. Um jesus enviesado que usa malandramente o amor para apoiar os poderosos contra os fracos, que é o exato oposto do Jesus histórico. Uso criminoso de má fé por parte de pessoas ignorantes manipuladas pelos espertinhos dos pastores, da figura histórica de um deus partindo-se do pressuposto de que as pessoas não vão contestar por se tratar de jesus. Pois devemos combate-lo porque é falso e causa o mal e não o bem.

      1. É paradoxal. Vivem com o evangelho em mãos, mas não perceberam um trecho lá dizendo que no fim seria assim mesmo, as pessoas sendo enganadas por um que se passa por bonzinho. Aqui, ali, em todo lugar surgem messias diabólicos seduzindo com discurso agradável. Não só nos templos, mas também nos palácios, fóruns e arenas. É a separação entre o trigo e o joio, e o algoritmo final determina que trigo é o sujeito capaz de resistir à manipulação.

  2. Estou atenta aos conhecidos que mantém até hoje seu apoio ao coiso, mesmo diante de tudo que aconteceu no último mês. Definitivamente, não são gente confiável. Farei o possível para manter um relacionamento aparentemente amigável, para evitar problemas futuros. Mas será pura hipocrisia.

    1. Ultrapassamos o ponto crítico onde poderia suspeitar de desinformação. Apoiando a besta, restaram 99% de mau-caráter.

  3. E daí. Quantos % tinho o Médici, ídolo do Bozo? O problema nao é de porcentagem. Dilma tinha 65, depois do ataque black bloc, repentinamente aparece com uma das maiores rejeiçoes. O Bozo com 1 % ainda aprova o que quiser no parlamento, simples assim, pois as ditaduras sao todas iguais. Se depender do Ibope, esta “Nova Democracia” dos milicos demorara mais do que a anterior!

  4. O capitão disse que o futuro PGR não será alinhado com o governo e sim com o Brasil.
    O engraçado é que o filho dele especialista em laranjais disse exatamente o contrário dias atrás. Mentirosos. Eles acham que o nosso ouvido é paiol.

  5. A única coisa que fica claríssima na pesquisa, é a confirmação de que o povo brasileiro, de um modo geral, é disparado o mais ignorante, atrasado, alienado e imbecil do planeta. Nenhum país sobrevive a tanta estupidez de seus filhos. É inacreditável que ainda exista essa quantidade de pessoas apoiando esse tsunami de bestialidade que se chama Jair Bolsonaro.

    1. Pois é, Antonio….minha avó dizia que tem gente que só aprende a rezar depois de ver o diabo de perto.Muitas pessoas já nasceram com todo um sistema de “bem estar social” e direitos trabalhistas estabelecidos no país….Vai daí, por uma distorção cognitiva sentiram ser um fato natural existir esse colchão de direitos, e não algo que foi duramente conquistado…..Agora, esse sistema de proteção social começa a ser desmontado e muita gente só vai se dar conta do que perdeu quando sentir o chão duro na própria pele.Isso leva um tempo, mas a constatação será inevitável.Em alguns países isso já vem acontecendo e motivando a reação da população…..Infelizmente o povo brasileiro vai ter que aprender com os próprios erros.

    2. Antônio, é o que venho dizendo a cada pesquisa. Analisar o resultado dessas pesquisas de algum ponto positivo é puro ufanismo. 33% de aprovação é a síntese do que esse país se transformou. Fomos remetidos diretamente para o ralo do planeta. O nível de imbecilidade e estupidez do brasileiro chega a níveis inacreditáveis. Achei, ingenuamente, que já havíamos ultrapassado essa fase da nossa história.

  6. Mas dá pra se ver também que a onda de desaprovação é crescente. A tendência é que o campo do “regular” vá migrando para o grupo que que acha o governo ruim ou péssimo. Imagine se a indicação do filho dele pra embaixada americana ficar vários dias nas manchetes!

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