Quem paga a reforma de Guedes?

Se você anda em dúvidas com esta história de que a Reforma da Previdência, como dizem os jornais, tem algum caráter “Robin Wood”, tirando dos ricos para dar aos  pobres, é bom olhar este gráfico ublicado pelo Estadão, com dados do Ministério da Fazenda sobre de onde verá o trilhão e pico de economia que pretendem fazer em 10 anos. Ou melhor, que fariam, se a proposta não fosse ser ainda muito mexida.

Um total de R$ 897 bilhões viriam dos trabalhadores privados, somando-se a redução dos proventos generalizada pelo fator agora inescapável senão por 40 anos de contribuição, a mudança no cálculo do benefício, o aumento de tempo de contribuição para as aposentadorias por idade e rurais, a redução das pensões e das aposentadorias por invalidez, os benefícios menores a idosos e deficientes e o fim do pagamento do abono do PIS para trabalhadores entre um e dois salários mínimos de renda mensal.

Ou R$ 870 bilhões, descontando-se a tal redução das alíquotas contributivas.

Isso dá 75% do volume de recursos que deixará de sair, nas contas do governo. Três em cada quatro reais.

Já os servidores públicos, entre aumento de idade e de alíquotas descontadas, pagará 17,5% da conta. Verdade que é muito menos gente, mas com uma média de valores de aposentadorias e vencimentos muito maiores para aguentar contribuições maiores.

Tanto que, do déficit atual, previsto para cerca de R$ 308 bilhões, cerca de 30% correspondem ao setor público (civis e militares, em parcelas quase iguais) e 70% aos trabalhadores do regime geral, incluídas aí aposentadorias, aposentadorias rurais, pensões e tudo o mais.

Os militares, ainda a se confirmar com a proposta que não foi enviada, arcariam com perto de 8% da conta, embora com um rombo em suas conta quase igual ao do funcionalismo civil.

A distorção, porém, é maior que essa.

Parao  trabalhador privado, todo o tempo, mas sobretudo a partir de certa idade, a falta de oportunidade de emprego é dramática. Há muito passou o tempo do trabalhador “com 20 anos de casa”, num país que “roda” por ano um terço de seus trabalhadores. O servidor público, civil ou militar, não vai ser dispensado aos 50 anos, nem vai ter “buracos” de contribuição em sua folha previdenciária.

Mas o trabalhador em geral, quanto mais humilde for, mais tenderá a cair na exclusão previdenciária e vai, lá no fim da vida, engrossar a filha do benefício aos idosos sem aposentadoria.

Roba-se-lhe o que resta de futuro, mas rouba-se também a dignidade.

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