Sem medo de ser colônia, o troféu da Lava Jato

Matriz ou filial, samba canção de Lúcio Cardim que Jamelão imortalizou, já não serve para classificar o Brasil.

Agora, com o plano do governo Bolsonaro – adiantado hoje pela Folha, nem mesmo filial é preciso ter para ganhar dinheiro no nosso (?) país.

Bens, serviços e obras não precisarão mais, para serem comprados ou contratados, que empresas estrangeiras sequer abram aqui um escritório de representação.

Isso abrange, inclusive, o setor de construção pesada, no qual o Brasil era não só autossuficiente, mas também um exportador, com contratos por toda parte do mundo e onde os créditos do BNDES (estes mesmos que a auditoria da caixa-preta provou serem lícitos e corretos) serviam para estimular toda a cadeia de suprimentos para a sua realização.

Uma bomba nuclear não seria tão devastadora sobre estas empresas, sobre centenas de milhares de empregos e sua agora nula capacidade de trabalhar aqui e lá fora.

E, arruinadas aqui as nacionais, porta totalmente aberta para os estrangeiros.

Agora basta contratar a obra lá de fora, mandar uns místeres para cá, contratar a peonada, com uns tradutores-feitores e levar o grosso o dinheiro para fora.

A industrialização do Brasil, cujas bases Getúlio Vargas e JK lançaram, desparece. Nem mesmo montadoras de peças importadas precisaremos ter.

A elite brasileira se lançou no projeto de que aqui seja apenas um entreposto colonial, que que seu projeto econômico seja apenas o de receber comissões, como a proxeneta a nação.

Aliás, mesmo, o que vale lembrar é da velha expressão: “casa de porta aberta”.

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21 respostas

  1. os industriais agora vão ser chamados de que? sei que não vão morrer de fome nem virar entregadores de pizza, mas é muito desprezo pelo que eles e seus pais e avôs construíram Raça maldita de vira latas

    1. Alicia Bárcena da CEPAL em entrevista a ElPais:

      “P. Estamos passando por um processo de reprimarização em várias economias da região, o que faz suas exportações recaírem quase exclusivamente nas matérias-primas.

      R. Sim. É uma tema bem complicado, especialmente na América do Sul: são países que dependem de poucos produtos —petróleo, cobre, prata— e poucos mercados. As esperanças são o Brasil, que é um país muito diverso, e a Argentina, onde o novo Governo vem com força para propor uma política industrial.

      P. Por que a política industrial é, há muitos anos, um anátema na América Latina?

      R. Pelo neoliberalismo puro e duro; pela escola de Milton Friedman. O consenso de Washington teve um grande impacto em países como o Chile, e o resultado é uma economia desigual e nada diversificada. Em geral, o modelo econômico aplicado na América Latina está esgotado: é extrativista, concentra a riqueza em poucas mãos e quase não tem inovação tecnológica. Ninguém é contra o mercado, mas ele deve estar a serviço da sociedade, e não vice-versa. Temos que encontrar novas maneiras de crescer, e isso exige políticas estatais. Não é o mercado que nos levará, por exemplo, a mais inovação tecnológica.”

      https://brasil.elpais.com/economia/2020-02-06/alicia-barcena-cultura-do-privilegio-naturalizou-desigualdade-na-america-latina.html

      1. o dinossauro sabe disso, por acaso? está parado em 1970 e não arreda pé. é entreguista até o último fio de cabelo e atende o mercado

  2. Destruição Definitiva, Armadilha da Estupidez são a base do fakeconomics cujo pais e mães não são Bolsonaro, Paulo Guedes ou Moro, mas o Mercado e aeus sócios na Grande Imprensa e no Principado Político. O golpismo puro sangue incapaz de vencer eleições presidenciais democráticas optaram pela destruição política, institucional e econômica do país. O objetivo: continuar tratando o país como um grande negócio seu. O resto do mundo agradece as novas possibilidades de “negócio”. E nós o que fazemos, continuamos assistindo?

    1. Tem gente que não leva a sério esta observação de que o país está sendo vítima da destruição, mas ela obedece à teoria de Steve Bannon, que aparece em parte no filme “Intimidade Raqueada”, de que deve-se radicalizar a desestabilização até chegar ao caos, nos países potencialmente capazes de desenvolvimento independente. Isso tem por fim reafirmar o domínio hegemônico do Ocidente pelos EUA por mais um século. Esta teoria se acopla àquela outra do almirante Cebrovski e de seu assessor Thomas Barnett. Barnett desenvolveu uma meta futura que consistiria em dividir o mundo em duas partes, uma constituída pelos países do G8, que seriam denominados de países estáveis, e outra dos outros países, que seria reduzida a mero reservatório de recursos naturais.”Por conseguinte, convinha destruir sistematicamente todas as estruturas de estado nesse reservatório de recursos, de tal modo que alguém jamais se pudesse opor, um dia, à vontade de Washington, nem tratar diretamente com Estados estáveis”. É o que diz o jornalista Thierry Meyssan, em seu artigo “O projecto militar dos Estados Unidos pelo mundo”. Está sendo difícil de implantar a doutrina Cebrovski em muitos lugares, mas para transformar o Brasil em mero reservatório de recursos naturais até agora tem sido uma água, graças ao bombardeio de uma arma invencível que conseguiram, chamada de “mamadeira de piroca”.

      1. Nenhuma Guerra (hibrida, nas sombras, mediática, jurídica ou com balas e canhões de verdade) seria vencida, nenhum projeto, nenhuma teoria, nenhuma hegemonia, nenhum domínio, nenhum país, nenhum império seria imposto sem o apoio de entidades e pessoas com RG, CPF, CGC, títulos de eleitor e residência fiscal bastante definidas, dispostos à genuflexão é claro, mas devagar que o santo é de barro, tanta devoção assim só pode resultar de lucros e das oportunidades de negócio resultantes, indivíduos e corporações incapazes de qualquer sentimento de compromisso ou consideração para com seus concidadãos ou para com seu país.
        Numa frase lapidar o pai do Chico Buarque, em seu livro mais famoso, para tentar descrever o descompasso entre raízes e desterro como marcas da nossa civilização afirmou, acredito, com certa ironia fina, que “somos uns desterrados em nossa própria terra”. O livro é dos anos 30 do século passado, noventa anos se passaram desde então e nós, brasileiros e brasileiras, ainda estamos esperando, é verdade que agora já sem nenhuma compostura ou modos, as naus que nos vão conduzir de volta a uma terra imaginária que nós nunca habitamos mas que imaginamos ser a nossa e com a qual nos identificamos mesmo sem nunca ter pertencido a ela de fato. Não sei se essas são as raízes do Brasil mas certamente essa atitude ilusionista em parte explica nosso fracasso como, não vou dizer civilização, mas como nação mesmo. E se não explica nosso desenvolvimento como país, sempre ensaiado e sempre abortado, certamente lança alguma luz sobre o atual estado de ánimo de nossa gente. Nossos “europeus” “civilizados” do Brasil são o que sempre foram: uma turba de aventureiros, saqueadores inescrupulosos, portadores de uma dupla moral cínica e cafajeste. Nenhum valor superior, nenhum pensamento original ou genuíno, nenhuma solidariedade, nenhuma consideração. Bem que poderíamos providenciar estas tais as naus e como dizem nosso hermanos: “que se vayan todos”.

        1. Exato. E, pior ainda, já vemos a introjeção deste ideário em jovens de menos de 30 anos, que desde muito cedo aprendem a ajudar os grandes predadores para o que não conseguiriam fazer sozinhos. Não falo dos herdeiros ricos, que não sabem o que é trabalho ou mérito – exceto o de ter o sobrenome certo – mas de jovens ligados ao mecanismo exploratório em curso. Os tais Faria Limers (irra!) e membros dos “movimentos de formação politica” tipo Agora, RenovaBr et caterva, devidamente patrocinados por grandes tubarões, estão prontos para continuar e aprofundar o processo até a desconstrução da Nação como tal, ancorados no preconceito puro-sangue anti-nacional, que olha com desprezo aqueles que não compactuam sua leitura de mundo e enxergam no Brasil apenas uma “oportunidade de negócios”, a ser espremida até o momento de descartar o bagaço. Triste é ver isto e lembrar que a única força que sempre renovava a esperança mesmo nos piores tempos, que era a juventude, agora se coloca a serviço das regras que outrora combatiam. Gostaria também que se fossem todos, mas temo que nos empurrem e quem se vá primeiro sejamos nós…

  3. A extinção do ICMS pelos estados, se houvesse, jamais deteria a subida do preço da gasolina e do diesel. Vendo que o.Brasil virou um pato bem maior do que esperavam, vão querer arrancar dele todo o sangue e até os ossos. A meta do preço para o combustível que em breve deverá ser proibido de ser produzido aqui e virá todo dos Estados Unidos, deve ser no mínimo de 10 reais o litro, no curto prazo. E de quebra, estão a namorar com o enfraquecimento dos estados, o que é um bônus para o projeto de destruição total.

  4. É o que eu sempre digo. O mais desesperador é que são poucos na “resistência” que dão o nome aos bois: o objetivo desde o golpe é a (re)colonização do Brasil.

  5. Os industriais brasileiros estão gostando disso, senão estariam reclamando. Não o fazem porque todos eles apoiaram e apoiam a Familícia.
    Um novo governo do PT terá que construir uma série de novas empresas estatais para recomeçar o ciclo de geração de empregos de qualidade no Brasil.

    1. O que ocorre é que esses “industriais” viraram especuladores rentistas. Fabricar geladeiras dá muito trabalho, é melhor especular, dá mais lucro.

  6. E as nacionais que pagam impostos, dão empregos a brasileiros e até pagaram “comissões” a políticos (os dois primeiros atributos é que importam) que se exploram. E as elites ainda apoiam.

  7. Assim a propina é paga em dólar na conta no exterior. Os políticos ficam loucos. Brasil acima de tudo , meu bolso acima de todos. kkkkk

  8. nunca tive nenhuma ligação com as grandes empresas de engenharia. Mas até hoje sou a única pessoa que conheço que os defendeu desde o começo da lava-jato sem exitar e sem ponderar, até hoje sofro as consequências, muitos lunáticos tem o desplante de me taxar de mau-caráter, até pessoas do campo “progressista” avaliaram como o lado “positivo” da lava-jato a destruição do setor no brasil. Hora
    se vc acha bom porèm reconhece que foi seletivo, então como pode ter sido bom?. Países que são referencia no combate a corrupção como a china não punem empresário e sim os setores corrompidos do funcionalismo público e políticos, está dando certo, aqui faz-se exatamente o oposto.

  9. Os 57 milhões de panacas que elegeram um bozo como presidente, expuseram seus filhos e netos à desgraça tóxica e mortal da ignorância radioativa, para sempre.
    Quem puder ir embora faça a mala agora…e torça para ser aceito em algum país, qualquer país, pois o mais certo é ser deportado por falta de qualificação profissional.

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