Decisão de juiz sobre Greenwald é atentado contra o sigilo de fonte

Não, não é positiva a decisão do juiz Ricardo Augusto Soares Leite, da 10ª Vara da Justiça Federal em Brasília, de recusar, “por ora”, a denúncia do Ministério Público Federal contra Glenn Greenwald como cúmplice da invasão de aplicativos de mensagens que compuseram a série de reportagens mostrando comportamentos irregulares de Sérgio Moro e dos procuradores da chamada “força tarefa” da Lava Jato.

A decisão se funda apenas na liminar dada por Gilmar Mendes, proibindo a persecução do jornalista. Se não fosse isso, deixa claro, estaria disposto a acolher a denúncia contra Greenwald.

O diálogo gravado, mesmo com a natural dificuldade de expressão de Greenwald em português, deixa evidente que ele não participa da invasão dos aplicativos e se recusa a orientar os “hackers” em sua ação.

Mas o juiz afirma que ele o fez e que, por isso, em tese, é cúmplice.

Ou “instigador”, como diz o juiz.

A decisão é uma vergonha.

A questão, apenas , é se ela será embargada no próprio juízo, por omissão, uma vez que ele diz que deixa “de apreciar, neste momento, a manifestação apresentada pela defesa”, que obviamente pede a rejeição da denúncia, que é o objeto do processo, o que se configura num completo cerceamento de defesa, que se deixa de considerar, ou diretamente numa reclamação ao STF, por descumprimento de ordem legal por ele emanada.

O caso está virando um escândalo internacional, como informa Jamil Chade, ao publicar, no UOL que especialistas da ONU e da OEA “expressaram sua séria preocupação com a denúncia apresentada pelo Ministério Público brasileiro contra Glenn Greenwald.

O sigilo de fonte, constitucional, não é valor relativo, mas absoluto.

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12 respostas

  1. E ,confrontados com isso e dezenas ,centenas de ações que debocham de nossa “ingenuidade” e COVARDÍA ,nós devemos nos manter puros, para não descer ao nível dos delinquentes.
    Isso é ótimo,elogiável,mas,eles jogam no lixo o nosso republicanismo ,dão risadas e até em um instante de “humanidade” eles reconhecem a nossa razão,mas,todo continúa igual ,a caminho do pior.
    Morreremos puros (que bom !!) mas,morreremos e os delinquentes ganharão,isso é válido,alguns acham que sim.Que bom! o reino dos ceus será o reino dos puros !!! quem quiser que acredite,EU NÃO.

    1. Nós não temos que nos manter puros, temos que nos manter com a frieza necessária para analisar e agir em os lances do jogo político, sem nos entregarmos à estéril indignação sentimental.

  2. Brito, acho que estamos todos sendo envoltos na nuvem do “dichavamento”. As denúncias gravíssimas vindas à tona passaram para infinito plano…

  3. Está escrito na CF88: 2 e 2 são 4 (direito ao sigilo da fonte). Mas no lavajatismo jurídico o que vale de fato é a “interpretação” do juiz, então se ele resolver que 2 e 2 são 5, são 5.

    A Nova República acabou faz um tempo já. Padeceu de guerra híbrida e apodrece com o fedor do bolsonarismo.

  4. A bandalheira se disseminou. A elite não tem mais sequer vergonha, é na base do “o Brasil é nosso e aqui a lei somos nós”.

  5. A questão central continua a mesma e sobre essa a ju$$ti$$a não se pronuncia: se as conversas entre juiz e acusação houveram da forma descrita, como fica ? Por isso mesmo?

  6. Multiplicam-se os absurdos, como se fossem epidemia do coronavírus bolsonaro-macunaímico que o Brito batizou de “imbecilovírus”. O governador de Rondônia achou-se com autoridade intelectual suficiente para proibir e mandar recolher das bibliotecas escolares os livros “Macunaíma”, do comunista Mário de Andrade, “O Castelo”, do comunista Franz Kafka, e todos os livros dos comunistas Euclides da Cunha, Caio Fernando Abreu, Carlos Heitor Cony, Ferreira Gullar, Nelson Rodrigues e Rubem Fonseca. Quem quiser dar tratos à bola em busca de razões para semelhante ousadia cultural, terá dificuldades. A proibição de Euclides da Cunha talvez se tenha dado em solidariedade a Dilermando de Assis, que era cadete do Exército (o governador é coronel da polícia militar), e que despachou Euclides para o outro mundo com um tiro no peito, em legítima defesa da vida, enquanto Euclides procurava matá-lo em legítima defesa da honra.

    1. Ai vem algum juiz ou ministro do stf todo cagaozinho querendo peitar o governador maldito todo medrosinho falando baixinho. Evitar estar no mesmo recinto deste canalha e um bom começo
      Entretanto teremos eleiçoes este ano e o medo de q a esquerda assuma algum protagonismo vai permitir q estas imundicies continuem agindo livremente

  7. Vergonhosa e tacanha a ofensa do tal apresentador da band radio hoje cedo não tem nem vergonha mais os papagaios da elite

  8. Vergonha, vergonha, vergonha. Que juiz é esse? Que justiça é essa?
    Depois que Moro inaugurou a pusilanimidade nas decisões judiciais, a coisa só piora.

  9. “por ora”, esse era o sistema Moro de persecução. Agora é só fabricar uma delação premiada, e o processo contra Glenn volta a todo vapor, assim como andam os processos do Filho de Lula.
    Te cuida Glenn, o gabinete do ódio que começou em Curitiba mas foi formado pela Vénus platinada, continua fazendo vítimas.

  10. O problema do nosso judiciário é a Constituição Federal! Eles já rasgaram a Constituição faz tempo. Os juízes fazem o que querem, pois não existe nada que possa impedi-los.

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