Moro, reduzido a Bolsonaro, perde o apoio de Miriam Leitão

Não que tenha sido sem a habitual cota de elogios e salamaleques à importância da Lava Jato.

Mas o “desembarque” de Miriam Leitão da canoa do ministro da Justiça e ex-herói nacional Sergio Moro tem muita significação, porque o coloca, como foi feito, como um carreirista tão inconfiável quanto seu chefe, Jair Bolsonaro, por outras razões desafeto da cronista “sabe tudo”.

Na sua coluna de hoje:

Quando Moro assumiu, disse que estava cansado de levar bola nas costas. É o que mais tem feito atualmente. Se foi para o governo de olho numa vaga no STF, calculou errado: o tempo de espera é longo e para ele ter o prêmio terá que sempre fechar os olhos para os inúmeros fatos que antes condenava: o laranjal do ministro do Turismo, a rachadinha no gabinete do filho do presidente, as inúmeras vezes em que o presidente feriu o princípio da impessoalidade. Para Bolsonaro, tudo é pessoal. Todas as decisões que toma, ele mesmo anuncia que têm razões pessoais: do filé mignon para os filhos ao ataque aos jornais. Para quem, como Moro, fez uma carreira combatendo a improbidade administrativa fica incoerente. Para dizer o mínimo.

Moro percebe que seu pedestal se dissolve e isso, embora retorcendo-se, não tem feito que ele tenha outra atitude senão a de aferrar-se ao presidente, à sua matilha e à porção mais estúpida do Judiciário.

O auxílio que lhe dão, porém, já não convence senão aos convencidos.

A “prisão do preso Eike Batista”, revogada ontem – como se previa desde a primeira hora – por ser uma nova versão, produzida por Marcelo Bretas, da condução coercitiva espalhafatosa, para tirar a atenção dos revezes de Moro.

Pirotecnia foi, igual, o vazamento de mais um “pedacinho” da delação – sem lógica e sem provas – de Antonio Palocci, no dizer insuspeito de Elio Gaspari.

Da mesma forma, a história do “cabuloso” diálogo entre integrantes do PCC, alegando “acordos” com o PT, que nunca dirigiu a polícia paulista e que há três anos não tem outro papel senão o de alvo para a Polícia Federal.

A credibilidade da Lava Jato, ferida de morte pelas revelações do Intercept, já não se sustenta sequer entre os sempre a apoiaram.

 

 

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