Não tem “B” nem tem “A”: plano na economia é vender o que der e ver como é que fica

É impressionante o deserto mental de Jair Bolsonaro ao falar sobre os rumos da economia de nosso país.

“Não tem plano B. A economia é 100% com o Guedes. Não discuto. É 100% com o Guedes. Dou sugestões às vezes, de vez em quando eu tenho razão, ele diz que vai tomar providência”, diz ele ao Estadão, em entrevista com direito a pose de jogador de futebol em transmissão esportiva, mesmo que o time vá mal.

E vai.

Depois de nove meses de governo está claro que não havia e não há um “Plano A”, está claro que o governo não tem plano algum para arrancar o Brasil da estagnação.

As únicas iniciativas relevantes foram retardar a concessão e reduzir os benefícios das aposentadorias – o que não vai, no curto prazo, significar nenhum alívio fiscal – e vender patrimônio para obter folga de caixa, aliás insuficiente.

Nenhuma palavra sobre a crise na indústria, zero sobre o potencial do petróleo, coisa alguma sobre consumo e crédito, exceto que a Caixa Econômica baixou os juros do cheque especial. Baixou, de fato, para “apenas” 10% ao mês, com uma inflação de 4% ao ano.

Menos ainda sobre a teimosa estagnação do PIB e para as crescentes previsões de que, ano que vem, repete-se a dose zero.

A entrevista é uma dissertação primária sobre o nada, um retrato das miudezas mentais de alguém que não tem qualquer estratégia de desenvolvimento autônomo do Brasil e que só enxerga como oportunidade “estar bem” com os EUA – ou o trumpismo.

Parece não perceber que a economia mundial está na iminência, senão de um terremoto, de uma desaceleração como a que experimentou uma década atrás e que nós, de lambuja, ainda temos conexão relevante com nossos vizinhos de subcontinente sul-americano, quase todos metidos em crises e convulsões políticas: Venezuela, Argentina e agora Peru e Equador .

As prioridades nacionais são afundar barcos diante de hotéis para atrair turistas-mergulhadores, produzir bugigangas de nióbio ou suspender a importação de três caminhões de bananas equatorianas.

Empregos? Viva o Temer, diz ele, argumentando que “se o Temer não fizesse a reforma trabalhista, estaria numa situação pior do que estava antes”.

Políticas econômicas podem dar errado, mas a ausência de uma sempre dá errado.

 

 

 

 

 

 

 

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14 respostas

  1. Privatizar o patrimônio e as riquezas naturais e estratégicas de um país e entregá-las para a iniciativa privada nacional ou, pior ainda, internacional, administrá-las, é o que há de mais absurdo que pode fazer um governo.
    Significa, simplesmente, transformar a população do país em refém dos grandes empresários. Que, obviamente, terão como prioridade aumentar sua fortuna e seu poder sobre a sociedade até o infinito. Fortuna e poder que se transmitirão por hereditariedade.
    A iniciativa privada só funciona de forma produtiva quando se trata de administrar a produção de bens e serviços que não são essenciais para a vida dos seres humanos e que admitem concorrência. Dessa forma, os grandes e competentes empresários terão o necessário estímulo para produzir com qualidade cada vez melhor, preços competitivos e evolução tecnológica. E, obviamente, têm que estar sob o controle de instituições auditoras governamentais, sob as ordens de governos eleitos pelo povo por períodos específicos.
    O neoliberalismo, muito em breve, será conhecido como o pior mecanismo já criado para administrar a economia de qualquer país na história da humanidade.

    1. Em tempo: o plano A (e único) de Guedes, do presidente e de todo esse governo é vender TUDO subfaturado, recebendo a diferença entre o valor faturado e o valor real da venda lá fora, a título de comissões, a crédito de suas contas em moedas estrangeiras em bancos estrangeiros, sem deixar qualquer pista no Brasil, ou seja, corrupção bilionária quase impossível de ser comprovada. Coisa que, alíás, o PSDB sempre fez em seus governos. Não é à toa que eles têm dinheiro para comprar quem quer que esteja à venda, incluindo toda a grande mídia (ou alguém acha que a grande mídia nunca falou sobre esse óbvio mecanismo de corrupção que envolve as privatizações, simplesmente porque nunca desconfiou de nada?).
      Quanto ao dinheiro ingressado no Brasil, será queimado em projetos do governo que favorecerão ainda mais os milionários que já concentram em suas mãos quase toda a riqueza do Brasil.

  2. Obvio que o plano não tem o menor interesse favorável ao brazil e seu povo. O país vai ficar sem patrimônio, sem as riquezas e não vai ver a cor da grana. A Nigéria disse ao brazil: “Eu sou você amanhã.”

  3. Jair já falou que não se constrói nada sem destruir primeiro. A convicção dele de que os anos setenta eram tudibão é um vexame, portanto a responsa que cabe ao povo por votar nesse destruidor natural é pouca quando a gente examina a ausência de valorização que a imprensa causou ao movimento construidor da fase petê. A frase que vai tornar enigmático meu domingo no entanto é: “de vez em quando eu tenho razão.”

  4. O único objetivo deste desgoverno é garantir todas as vantagens para o rentista, o jogador que nunca se arrisca. O resto não importa pois ainda estamos no auge do projeto neoliberal fracassado.

  5. Esse ministro não está preocupados com a economia, não tem competência nem conhecimentos para tanto….. é apenas o cavalo de Tróia que os abutres do mercado inventaram para cobrar a fatura do golpe…..depois de destruir a previdência, vender tudo o que puder e garantir que o roubo dos juros continue, dará uma desculpa esfarrapada e vai curtir uma praia na Europa….. aliás, ele mesmo já disse isso várias vezes…..

  6. Bom dia. vendoar é o Plano A. Até por que, depois dele, não precisaremos mais do Alfa, Beto… Talvez iniciemos com ferramentas feitas de cipós…

  7. Apenas um brasileiro se beneficiará da privataria. Ficará bilionário, como ficou o célebre Banqueiro Bandido. Esse filme eu já vi. Reprise da década de 1990.

  8. Nao passam de vermes a serviço do tal do “mercado” a ideia é privatizar os lucros e socializar os prejuízos…

  9. O problema aqui não é Bolsonaro ou Guedes. O problema aqui é do que chamo de golpismo puro sangue. E o plano “econômico” é o mesmo faz pelo menos 30 anos, não há novidade nessa matéria. Esse plano está na cabeça de 10 entre 10 banqueiros, grandes empresários, donos de meios de comunicação e, mais ainda de seus “funcionários”. Qualquer coisa diferente ou que discrepe no mais mínimo desse plano, ou melhor desse mantra, não é considerado ou é visto com horror, como uma espécie de blasfêmia, uma heresia que parece atentar contra leis sagradas e contra um.conhecimento superior. Da mesma forma que na política não podemos contar com uma direita legalista, com uma direita liberal ou conservadora para preservar nossa democracia, menos ainda na área econômica para preservar nossa economia nacional. É preciso ser consciente dessa realidade. Só podemos contar com nós mesmo para sair dessa enrascada em que nos meteram.

  10. Bannon enganou otários, mas vai passar em breve. Segundo a teoria do Steve Bannon, plenamente adotada pelos otários do Brasil que pouco ou nada entendem de economia e de história, para que países em vias de desenvolvimento possam ter absoluto sucesso no capitalismo é necessário destruir todas as estruturas vitais de caráter social-democrático, econômicas, culturais e educacionais, que estes países tenham construído ao longo do tempo. A Casa Grande do Brasil pensa que com o Bolsonaro eles estão pondo em prática um projeto seu, mas não estão. O projeto é do Steve Bannon. Bannon reinventou esta patifaria retirada da antiga escola de Chicago, e enfiou-a em uma roupagem brilhante de suposto renascimento do conservadorismo latente nas pessoas comuns, principalmente em países ditos atrasados.

    Isso foi feito não apenas para levar os países em desenvolvimento a retroagirem várias décadas no passado, até voltarem ao pleno subdesenvolvimento e não mais ameaçarem crescer e liderar setores do comércio global, mas também foi feito para que, no curtíssimo prazo, neles houvesse uma rapina geral, pela pirataria internacional, de valiosas riquezas potenciais ou acumuladas destes países. Esta armadilha pseudo-teórica do Steve Bannon configura toda a base supostamente “científica” que serviu também para que, fingindo adotá-la como princípio, muita gente local sem qualquer escrúpulo, oportunistas da mudança de regime político, dela se aproveitasse para seus projetos pessoais de poder e enriquecimento.

    Tais oportunistas sabem perfeitamente que com aquela “teoria” o desastre econômico virá inapelavelmente sobre aqueles países, seguido da revolta cultural e, conforme o aprofundamento da “teoria”, até mesmo do caos social. Para estas últimas possibilidades, faz-se necessário ao Estado extremista todo o reforço possível para preparar-se para a repressão, e no Brasil o Moro é exemplo disso, mas tem ultimamente malhado em ferro frio para tentar dar sua grande contribuição à esperada repressão.

    Segundo o plano bannoniano, os países eleitos para destruição de suas estruturas vitais deveriam marchar para o caos de cabeça baixa e sob gás de pimenta e cassetete. Só que não. Esta ilusão neo-colonialista de destruição e caos, apesar de ostentar o disfarce de um suposto charme tecnológico de ponta, é um modelo demasiadamente imperfeito, cuja grande é somente o excessivo apelo para a ignorância. Ele em parte é até obsoleto e insuficientemente malandro para vingar com êxito em países maiores que Honduras.

    A implantação do plano começa com ímpeto, mas falta-lhe fôlego quando a rede de mentiras em que necessariamente se apoia começa a se romper em mil pontos diferentes. Bannon vai passar muito em breve, como apenas mais um subterfúgio pseudo-econômico de política da dominação neocolonial que está no fim. Apenas mais um.

  11. Traduzindo: o plano é entregar o patrimônio público à pilhagem daqueles que patrocinaram o golpe.

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