Vídeo mostraria Bolsonaro apavorado com investigação. Qual?

Mais cedo, foi dito aqui que o depoimento do ex-diretor da Polícia Federal, Maurício Valeixo, esvaziava a narrativa das pressões de Bolsonaro sobre Sérgio Moro e que ao ex-ministro restava apenas o vídeo da reunião ministerial.

Agora, ao que narram pessoas que o assistiram, este mostraria um presidente irado com o fato de que investigações em andamento buscariam “prejudicar a minha família” e seus “amigos”.

E que isso, o fez bradar, em bom som, que trocaria o superintendente do Rio, ou o diretor geral ou até o próprio Ministro da Justiça.

Se é isso, bem, agora temos um crime, porque há um motivo ilegal para explicar a atitude de Bolsonaro.

Até aqui, o que havia o que em direito de um “ato administrativo discricionário”, ou seja, o que é do livre arbítrio do governante, como são as nomeações e exonerações dos seus auxiliares.

Mas, se a escolha (e o afastamento) é livre e independente, deixa de sê-lo quando a motivação do ato fere as normas legais e, neste caso, a determinação constitucional de impessoalidade (art. 37 da CF).

Se Bolsonaro, de fato, diz isso, não haverá alternativa ao Procurador Geral da República senão a de denunciá-lo por prevaricação.

Mas resta uma questão, caso isso se confirme pela exibição ou transcrição o vídeo: quais eram as investigações que preocupavam Jair Bolsonaro estariam “prejudicando” seus familiares e amigos.

Nem Moro, nem Valeixo, nem o chefe da PF no Rio, Ricardo Saadi, em seus depoimentos, disseram uma palavra sobre isso.

Era alucinação do presidente? Evidente que não, todos sabiam e não tinham o direito de calar. Os delegados, como depuseram como testemunhas e não como investigados, não poderiam ter calado a verdade, mesmo que se dessem por impedidos de detalhá-lo para não prejudicar investigações em curso.

No depoimento dos generais palacianos, hoje, saberemos se Moro tentou chantagear o governo, ameaçando contar as razões de sua demissão – ele não foi demitido, demitiu-se – deixando o presidente em apuros se não pudesse escolher o novo diretor geral, usurpando competência do Presidente.

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